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Paraíso no Noroeste: Ilhas, trilhas e praias cristalinas formam as belezas do Rio Paraná

Além dos balneários, passeios de barco, observação da fauna e flora, trilhas através do rio e em meio à mata, a pé ou de bicicleta, pesca esportiva e até mergulho são algumas das atividades que estão se desenvolvendo na região

Icaraíma faz parte da Costa Noroeste paranaense, no Corredor das Águas, que aproveita as belezas do Rio Paraná- Foto:  Ari Dias/AEN
Icaraíma faz parte da Costa Noroeste paranaense, no Corredor das Águas, que aproveita as belezas do Rio Paraná- Foto:  Ari Dias/AEN

Quando o fim de semana se aproxima e as temperaturas aumentam – e no Noroeste do Paraná não é raro os termômetros chegarem aos 40ºC – essa é a pergunta que mais circula nos grupos e redes sociais dos frequentadores do Balneário de Porto Camargo, em Icaraíma. Quando dá praia, a população do município, que tem pouco mais de 8 mil habitantes, chega a dobrar.

É o regime de chuvas na cabeceira do Rio Paraná que controla a formação da Praia do Sol, a poucos metros da costa, em uma das centenas de ilhas de um dos principais arquipélagos fluviais do País. Quando chove muito em São Paulo, o banco de areia não se forma. Em compensação, quando o nível do rio está baixo, a praia está garantida e as pessoas podem aproveitar as águas cristalinas e quentinhas.

Icaraíma é um dos municípios da Costa Noroeste paranaense, localizada no chamado Corredor das Águas, que aproveita as belezas do Rio Paraná para explorar o potencial econômico na esteira do turismo sustentável. Além dos balneários, passeios de barco, observação da fauna e flora, trilhas através do rio e em meio à mata, a pé ou de bicicleta, pesca esportiva e até mergulho são algumas das atividades que estão se desenvolvendo na região.

O secretário municipal de Meio Ambiente e Turismo de Icaraíma, Idemar Monteiro, explica que o município está descobrindo esse potencial e se prepara para o aumento de visitantes. “Esse fluxo maior é uma surpresa para nós, que ainda estamos conhecendo o turismo e começamos a estruturação junto com a comunidade e o setor empresarial”, diz. “Temos os barqueiros que prestam serviço para os turistas, pousadas e restaurantes. O comércio também está investindo mais por causa do turismo”, conta.

Região turística

O Corredor das Águas é uma das 14 regiões turísticas do Estado, e está entre as áreas de interesse da Paraná Turismo no trabalho de promoção e capacitação de empreendedores e agentes públicos. O objetivo é expandir e profissionalizar os negócios que envolvem o turismo no Estado.

“Nossa proposta é mostrar o Estado para os seus habitantes. As praias do Rio Paraná já são bastante visitadas pelos moradores dos municípios próximos, mas queremos mostrar essas belezas para as demais regiões, para que os paranaenses conheçam o que o Estado tem a oferecer”, afirma a diretora técnica da Paraná Turismo, Isabella Tioqueta.

De acordo com ela, a prioridade é a capacitação dos agentes que trabalham no setor. O workshop Viaje Paraná, que será levado este ano ao Corredor das Águas e deve percorrer as 14 regiões turísticas do Estado, busca prepará-los para atender ao aumento de visitação. “As cidades precisam estar preparadas para receber as pessoas, oferecer serviços de qualidade, uma boa infraestrutura, para que o turista volte com mais frequência”, diz.

Praia em Porto Rico sempre lotada na temporada- Foto: Ari Dias/AEN

Voe Paraná

O programa Voe Paraná, lançado no ano passado pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior, também contribui para facilitar o acesso e aumentar o fluxo turístico no Interior do Paraná. Cidades como Guaíra e Paranavaí, que tem o aeroporto mais próximo aos balneários de água doce, passaram a contar com voos diretos saindo de Curitiba.

Na região do Corredor das Águas, 33 municípios contam com atrações turísticas, sendo que nove deles estão nas margens do Rio Paraná: Altônia, São Jorge do Patrocínio, Alto Paraíso, Icaraíma, Querência do Norte, Porto Rico, São Pedro do Paraná, Marilena e Diamante do Norte.

Esportes de Aventura

Outro ponto em que a Paraná Turismo trabalha, e que vai impactar diretamente nos negócios da região, é na regularização de atividades de ecoturismo e turismo de aventura. Está em processo de elaboração o programa Paraná Aventura, que será um marco legal para a prática dessas atividades, com normas de segurança previstas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

No Rio Paraná, alguns esportes de aventura já despontam como atrativos turísticos. Um exemplo é a Rota dos Pioneiros, que promete ser a maior trilha aquática do mundo. Neste primeiro momento, 118 quilômetros podem ser percorridos de caiaque pelo rio, em um percurso que pode levar vários dias, com conexões a trilhas terrestres nas ilhas e municípios ribeirinhos.

As águas transparentes também são um convite para o scuba diving, o mergulho em grandes profundidades, que revela as espécies que habitam as profundezas do Rio Paraná. Na região próxima a Porto Rico e São Pedro do Paraná, até a divisa com São Paulo, a modalidade já é explorada há cerca de dez anos.

Praias

Entre o município paulista de Rosana e a ponte Ayrton Senna, em Guaíra, encontra-se o principal trecho de águas correntes, não represadas, do Rio Paraná, que tem um dos maiores aproveitamentos hidrelétricos do Brasil. Entre os grandes lagos das usinas está o da gigante Itaipu, que se inicia em Guaíra e também tem suas belezas para contar história.

É no trecho não inundado que se formam as praias naturais de água doce que tanto agradam os visitantes. A mais movimentada é a Praia de Santa Rosa, em Porto Rico. Na região, também valem a visita a Praia Carioca, mais afastada e mais tranquila; o balneário de Porto São José; as ilhas de Guadalupe e Mineira, em São Pedro do Paraná, e o Porto Maringá, em Marilena.

Com um dos poentes mais bonitos do Paraná, uma paisagem cinematográfica e o vai e vem intenso de barcos e lanchas, Porto Rico percebeu há algum tempo as possibilidades que o setor turístico tem a oferecer. O município é pequeno – são cerca de 2,5 mil habitantes segundo o último Censo, mas perto de 4 mil, de acordo com as projeções da prefeitura. Nos fins de semana ou feriados prolongados, porém, o número de visitantes supera o de moradores.

Toda a economia do município está envolvida com o turismo. São sete hotéis, condomínios residenciais, resort, marinas, restaurantes, serviços de barqueiros e um setor de comércio e serviços voltado para atender os turistas. “Nós vivemos do turismo, um setor que nos trouxe emprego e renda de forma limpa, respeitando o meio ambiente”, afirma a secretária municipal de Turismo, Jussara Stachoviak.

Logo que chegam na orla do rio, os visitantes encontram uma Central de Informações Turísticas, restaurantes, lanchonetes, além de empresas e cooperativas de embarcações que oferecem passeios e fazem as travessias até a prainha. Santa Rosa foi estruturada para atender essa demanda, conta com banheiros, lanchonetes e até o serviço de banana boat para divertir os veranistas.

Novos investimentos estão previstos pelo município e pelo Governo do Estado para revitalizar a orla e melhorar a experiência de quem visita a cidade. “Intensificamos os investimentos em várias áreas, desde a infraestrutura urbana até os serviços de saúde. Tudo isso traz grande segurança ao turista, que também pensa na estrutura quando escolhem o roteiro”, diz Jussara.

Ilhas

O número de ilhas neste trecho não é consenso, já que da mesma forma que as prainhas, elas também podem ser intermitentes e algumas surgem dependendo do nível das águas. No Parque Nacional de Ilha Grande são cerca de 180, e pelo menos 200 fazem parte da APA do Rio Paraná.

Algumas delas podem ser visitadas, mas é preciso cuidado por se tratarem de unidades de conservação. A travessia é feita pelos barqueiros que atendem nos portos dos municípios ribeirinhos e levam aos locais onde é permitida a visitação pelo ICMBio, órgão responsável pela gestão das unidades. Outra opção são as expedições de caiaque pela Rota dos Pioneiros, que passam por trilhas terrestres dentro das ilhas.

As casas de veraneio já não são permitidas nas ilhas. A criação do Parque Nacional de Ilha Grande, em 1997, exigiu a retirada das residências desses locais, já que muitas delas estavam degradadas e eram utilizadas para a criação de gado e plantações. Após um trabalho intenso de conservação e reflorestamento, a mata nativa voltou a se recompor. Na área de abrangência da APA, apenas comunidades tradicionais de ilhéus podem continuar vivendo nas ilhas.

Fonte: Tribuna Hoje News