Brasília – O governador do Piauí, Wellington Dias (PT), está articulando uma reunião com Jarbas Barbosa, diretor da Opas (Organização Pan-Americana da Saúde) e da oficina regional para as Américas da OMS (Organização Mundial da Saúde), para tratar sobre a vacina contra covid-19. Os chefes dos estados se mobilizam após o presidente Jair Bolsonaro manifestar resistência à compra da Coronavac, imunizante desenvolvido em parceria do laboratório chinês Sinovac e do Instituto Butantã, de São Paulo.
Dias foi escolhido por seus pares, no Fórum dos Governadores, para ser o porta-voz nas articulações sobre o produto que, ainda sem eficiência cientificamente comprovada, já tem motivado ações judiciais e impasses envolvendo os governos estaduais e federal. A ideia é definir uma linha para o desenvolvimento da vacina, no Brasil, alinhada com o trabalho da OMS em todo o mundo.
Na semana que vem, os governadores vão se reunir com os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), para tratar do assunto. A intenção é tentar encontrar caminhos pelo Legislativo para garantir o desenvolvimento pleno das pesquisas em curso no Brasil e, assim que houver aprovação dos órgãos legais, sua distribuição.
Maia tem dito que não se pode deixar espaço para que o STF (Supremo Tribunal Federal) decida sobre questões ligadas ao medicamento. Para o presidente da Câmara, o Congresso e o Executivo devem tomar a dianteira nessa discussão sobre a obrigatoriedade da vacina. Já o presidente da Corte, ministro Luiz Fux, disse prever uma judicialização “importante” e “necessária” em relação ao tema.
Há, atualmente, dois principais impasses envolvendo a vacina no Brasil. Um é se o medicamento deverá ser obrigatório ou não. O presidente é contrário a qualquer plano de impor a vacinação. O outro é sobre a resistência à Coronavac.
Dependendo do curso das pesquisas, a Coronavac pode ser aprovada antes do imunizante que está sendo desenvolvido pela farmacêutica britânica AstraZeneca e a Universidade de Oxford, que tem parceria com a FioCruz e o apoio de Bolsonaro.
Os governadores querem que, independentemente da origem da vacina, todas as pesquisas sejam incentivadas pelo governo e possam ser distribuídas para os brasileiros gratuitamente, por meio do SUS (Sistema Único de Saúde).