Saúde

Casos de dengue disparam e Toledo se preocupa com risco de epidemia

Comitê de combate a doenças causadas pelo Aedes aegypti reuniu-se na tarde de sexta (19); no atual ano epidemiológico, doença já foi confirmada em 128 munícipes

Casos de dengue disparam e Toledo se preocupa com risco de epidemia

O Auditório Acary Oliveira foi palco, na tarde desta sexta-feira (19), da primeira reunião do ano do Comitê Municipal Intersetorial de Combate à Dengue, Chikungunya e Zika Vírus de Toledo. O encontro teve caráter extraordinário e a convocação foi motivada pela piora no quadro epidemiológico no município e em várias regiões do Paraná em relação às doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, 

De 1º de agosto de 2023 (início do atual ano epidemiológico) até esta quarta-feira (17), 737 pessoas já procuraram os sistemas público e privado de saúde com sintomas típicos de dengue (dor de cabeça, febre, manchas avermelhadas pelo corpo, entre outros) – destas, 128 testaram positivo, 121 aguardam resultado dos exames, que deram negativo em 488 casos. Em 20 dias, o número de confirmações da doença cresceu 220% (eram 40 em 28/12/2023) e esse crescimento é motivo de preocupação para os integrantes do comitê.

Outro ponto que chama a atenção é a quantidade de casos acumulados desde o início do ano epidemiológico. Em 2022, o patamar atual só foi atingido no fim de março; no ano passado, na segunda quinzena de abril.

Segundo a secretária de Saúde e presidente do comitê, Gabriela Kucharski, Toledo está na lista de 77 municípios paranaenses cujos dados são classificados como “preocupantes” pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa). “Pelo que se percebe de aumento na procura de pessoas com sintomas de dengue nas unidades de saúde e de pronto-atendimento, não é exagero estarmos nesta lista. O secretário Beto Preto fez nesta semana uma videoconferência com os representantes das secretarias de Saúde destas cidades e orientou para que ações adicionais fossem tomadas para impedir o alastramento da situação por todo o Paraná”, relata.

Durante o encontro, o enfermeiro do Departamento de Vigilância Epidemiológica da 20ª Regional de Saúde, apresentou estatísticas sobre a dengue nos âmbitos estadual, regional e municipal. “A Sesa tem nos pedido para conversar com os municípios sobre as estratégias tanto de combate quanto de fluxo de atendimento a pacientes com sintomas da doença. Nas primeiras semanas de 2024 houve uma aceleração na curva do crescimento numa proporção bem acima da de anos anteriores. No estado, há o registro de um óbito e, conceitualmente, já há uma situação de surto que pode evoluir para uma epidemia quando menos esperarmos”, avalia. “O que acontece em Toledo também acontece em vários municípios e com maior intensidade, dentro da nossa área de abrangência, em Mercedes e Terra Roxa. É momento de reforçar a coordenação entre a Sesa e as secretarias municipais de Saúde, cientes de que a melhor ação é a eliminação do Aedes aegypti e de que saber o que fazer quando o paciente chega doente às unidades de saúde faz toda a diferença”, destaca.

Concentração

Outro dado que chama a atenção é a concentração de mais da metade dos casos de dengue em dois bairros: América I e II (50) e Europa I e II (20), bairros que receberam Ecoponto Itinerante entre 19 e 22 de dezembro do ano passado, o qual resultou na coleta de 198 toneladas de objetos que podem servir de criadouro para o Aedes aegypti e resíduos volumosos. “A situação está tão grave, que chegamos a receber, no mesmo dia, 44 notificações de dengue de moradores desta região da cidade. Em uma casa que visitamos, todos os seis moradores tinham sintomas da doença. Só em uma rua destes bairros havia 17 notificações. Enfim, há um número tão grande de notificações que chegam ao nosso setor,  que 100% da equipe de agentes de combate a endemias [ACEs] estão em função de ‘operações bloqueios’, interrompendo o ciclo regular de visita a residências do município”, relata a coordenadora do Setor de Controle e Combate às Endemias, Lilian König. 

Gabriela assevera que, atualmente, o maior maior problema não está em terrenos, mas em imóveis residenciais em que são deixados objetos que acumulam água. “Temos uma situação preocupante no Europa/América e já percebemos a situação começar a se complicar nos bairros Coopagro e Facchini. Por isso, temos que trabalhar duro agora, mobilizando poder público e sociedade, para impedir que outros bairros tenham problemas mais sérios daqui algumas semanas”, pontua Gabriela.

Toledo Contra a Dengue

A partir desta análise, foi aberta a palavra aos presentes para sugerir ideias de ações de combate à dengue a serem executadas no curto e médio prazo. O assunto foi acompanhado pelo prefeito Beto Lunitti; pelo presidente da Câmara de Vereadores, Dudu Barbosa; e pelos secretários do Meio Ambiente (Junior Henrique Pinto) e da Infraestrutura Rural e Urbana e de Serviços Públicos (Maicon Bruno Stuani), que colocou motoristas e veículos à disposição. “A partir do mapeamento das áreas onde nossa ajuda é necessária, sobretudo naquelas em que se pretende fazer a coleta de materiais que podem servir de criadouro para o Aedes aegypti, já vou conseguir destinar parte da nossa estrutura para estas ações”, comenta Stuani.

A primeira ação programada é a mobilização “Toledo Contra a Dengue”, que será realizada em várias frentes, iniciando-se no fim de janeiro e seguindo por todo o mês de fevereiro. A primeira atividade já terá início na próxima semana com uma nova rodada do Ecoponto Itinerante nos bairros Jardim Europa e Jardim América que será realizada em formatação semelhante à realizada em dezembro, quando a Secretaria da Infraestrutura Rural e Urbana e de Serviços Públicos ofereceu suporte logístico aos ACEs – a diferença é que resíduos volumosos não serão recolhidos dessa vez.

Para o próximo sábado (27) também está programada uma ação de rua cujo horário e local ainda serão definidos e divulgados em breve. Nos sábados seguintes, também há a intenção de realizar ecopontos itinerantes, mas no formato tradicional, com as ações e os efetivos de servidores e voluntários concentrando-se num só dia. “Temos que colocar o máximo possível da estrutura de todas as secretarias em torno desta causa fundamental para a saúde do povo toledano. É preciso sensibilizar nossos cidadãos de que a dengue é um problema real e também sobre a importância do trabalho dos agentes de combate a endemias”, salienta o prefeito.

Do ponto de vista institucional, haverá, na próxima segunda-feira (22), conversas sobre o assunto com secretários municipais e vereadores. Nos próximos dias, líderes de denominações religiosas e clubes de serviço serão convidados a também participarem da iniciativa.

No que tange à educação, haverá um esforço para que o primeiro encontro mensal do Agente Mirim seja realizado o quanto antes (e não na última sexta-feira, como é de costume), para que as crianças das turmas de 4º ano da rede municipal de ensino possam, à sua maneira, darem sua contribuição à campanha. Em relação aos demais estudantes, especialmente os da rede estadual de ensino, a secretária da Saúde colocou a equipe da pasta para ir aos colégios ministrarem palestras para os alunos e conversarem com os pais destes. 

A próxima reunião do Comitê Municipal Intersetorial de Combate à Dengue, Chikungunya e Zika Vírus de Toledo foi marcada para o próximo dia 6 de fevereiro (terça-feira). Será  às 14h, no Centro Municipal de Controle de Endemias.

Fonte: Prefeitura de Toledo