Política

Na guerra contra a covid, UPA pode virar hospital

Na guerra contra a covid, UPA pode virar hospital

Cascavel – Na tarde dessa segunda-feira (15), foi realizada no plenário da Câmara de Vereadores uma reunião com gestores da área de saúde de Cascavel e região. A reunião foi convocada pela Comissão de Saúde e Assistência Social, presidida pelo vereador Edson Souza (MDB), e composta também pelos vereadores Cidão da Telepar (PSB) e Sadi Kisiel (Pode). Na ocasião, estiveram presentes, além dos parlamentares, Miroslau Bailak (secretário de Saúde de Cascavel), João Gabriel Avanci (diretor-chefe da 10ª Regional de Saúde), Rafael Muniz de Oliveira (diretor-geral do Hospital Universitário), Alexandre Weber (reitor da Unioeste), Lísias Tomé (diretor do Hospital de Retaguarda de Cascavel), José Peixoto da Silva (diretor-geral do Consamu) e Rodrigo Nicácio (diretor técnico do Consamu).

O intuito do encontro foi reunir todos os representantes da área de saúde para que pudessem explanar as demandas, apontar o que deu certo e o que precisa melhor, para que, juntos, possam tomar as medidas necessárias. “O jeito de sair desta pandemia, salvando o maior número de vidas, é a gente ter união”, afirma o vereador Edson Souza.

Durante as falas, foram apresentadas as demandas e a realidade vivenciada pelos profissionais que estão na linha de frente de combate à covid-19. Quem trabalha diariamente nos hospitais que estão à beira do colapso relataram a exaustão física e mental em que estão, mas continuam fazendo o possível – e muitas vezes o impossível – para salvar vidas. “Se existem vagas, o Samu fará o transporte, não existe limite de quilometragem. Porém, a equipe está cansada”, afirma Rodrigo Nicácio.

Diante do cenário que se instalou nas últimas semanas, dezenas de leitos foram abertos onde havia estrutura e pessoal suficientes para suprir as demandas, mas alertam que, no momento, não existem mais alternativas, pois o sistema chegou ao limite. “Temos 20 leitos para abrir, porém, é pequena a procura de profissionais pelas vagas abertas”, afirma o diretor do HU, Rafael Muniz de Oliveira.

Com isso, existe a possibilidade de transformar a UPA Veneza em uma unidade de atendimento exclusivo aos pacientes com covid-19, assim como adequar as UPAs para se tornarem “mini-hospitais”, desde que recebam os equipamentos para oferecer a estrutura adequada. “A UPA Brasília já é UPA Covid e na UPA Veneza também pode ocorrer o mesmo”, disse o secretário de Saúde, Miroslau Bailak.

Mais consciência

Outro aspecto levantado é que as medidas restritivas e a conscientização da população precisam aumentar, pois, enquanto a vacinação continuar em ritmo lento, os abusos precisam acabar para que os casos diminuam.

Salários

Além disso, entrou em pauta uma reivindicação de equiparação salarial para os servidores municipais em relação ao valor recebido pelos profissionais que atuam no Estado. Conforme destacado por Lísias Tomé, as UPAs estão perdendo profissionais por não receberem um valor adequado, principalmente neste momento, em que todos estão sobrecarregados.

Ao fim do encontro, as demandas foram reafirmadas pelos componentes da mesa e todos se colocaram à disposição para auxiliar no que for preciso, em um esforço conjunto, para superar o momento difícil que Cascavel enfrenta.

O Município informou ontem mais 14 óbitos, chegando a 444 mortes causadas por complicações da covid-19, e um total de 27.004 infectados. Ontem não havia leitos de UTI disponível em Cascavel e a taxa de ocupação de enfermaria era de 80,7%; na Macro-Oeste, a taxa de ocupação de UTI era de 99,65% (só 1 leito vago) e 77,33% de enfermaria.

FOTO: Flávio Ulsenheimer/ CMC


Paraná articula soluções contra redução do estoque de medicamentos para intubação

Curitiba – O Cemepar (Centro de Medicamentos do Paraná), que monitora os estoques de 63 hospitais que fazem parte do Plano Estadual de Enfrentamento à Covid, emitiu um alerta nessa segunda-feira (15) para o risco do desabastecimento de medicamentos utilizados para a intubação. O sinal vermelho leva em consideração o aumento das internações nos últimos dias em todas as quatro macrorregionais de saúde.

Para resolver a situação, a Secretaria de Estado da Saúde reforçou o pedido ao Ministério da Saúde por mais medicamentos e estabeleceu protocolos de compra emergencial, inclusive com dispensa de licitação. Os três estados do Sul já mandaram ofício ao ministro Eduardo Pazuello requisitando a disponibilidade de mais medicamentos.

“A situação é muito crítica. Estamos monitorando desde o início da pandemia a utilização de 25 medicamentos. Mas chegamos a um ponto em que as dificuldades são até de medicamentos para intubação. Os leitos estão cheios, estamos fazendo um grande esforço para ampliar um pouco mais os leitos de UTI”, disse o secretário de Estado da Saúde, Beto Preto.

O painel atualizado pelo Cemepar ontem apontava que o estoque de bloqueadores neuromusculares, que são os relaxantes usados para auxiliar na ventilação mecânica, deve durar mais três dias, nas atuais condições. O estoque dos sedativos e de analgésicos dá para abastecer os hospitais por mais oito dias, ou seja, até 23 de março.

“A secretaria discute formas para aquisição imediata desses medicamentos diante da situação, que é considerada a mais crítica do período da pandemia. Faremos aquisição por meio de Ata de Registro de Preços do Ministério da Saúde e da Sesa; pregões eletrônicos; e novas tratativas junto aos laboratórios fabricantes”, afirmou o chefe de gabinete da Sesa, César Neves.