Curitiba – A Assembleia Legislativa do Paraná concluiu que tem necessidade de se comunicar melhor com a população. O Legislativo paranaense é um dos poucos do Brasil, e o único da Região Sul, que não possui qualquer tipo de comunicação corporativa. A dificuldade de conversar diretamente com a sociedade é uma percepção de anos que se materializou em dados objetivos colocados à disposição do presidente, deputado Ademar Traiano (PSDB), e do 1º secretário, Luiz Cláudio Romanelli (PSB), por um estudo entregue à Assembleia por entidades que congregam os veículos de comunicação do Paraná.
Os dados revelam que existe interesse da população em saber mais sobre o parlamento, entretanto, as informações nem sempre são facilmente encontradas. Uma comissão para tratar dessa nova política de comunicação, chefiada pelo servidor Marlo Litwinski, foi criada por determinação do presidente e do 1º secretário e está desenvolvendo um projeto para viabilizar a nova estratégia de comunicação. O presidente Ademar Traiano falou sobre o tema à ADI (Associação dos Diários do Interior) do Paraná. Confira:
ADI – Por que a Assembleia está desenvolvendo uma nova política de comunicação?
Ademar Traiano – Nós tomamos essa iniciativa a partir da constatação de que a Assembleia e seu papel são ainda pouco conhecidos e compreendidos pela sociedade. A iniciativa dos veículos de comunicação, que apresentaram um estudo e uma pesquisa de abrangência nacional sobre o tema, confirma uma percepção antiga que tínhamos: a de que o papel e a importância da Assembleia ainda são mal compreendidos.
Qual é o enfoque dessa nova política?
Traiano – Percebemos a necessidade de nos comunicarmos melhor com a população. Tratamos de temas palpitantes e importantes que acabam não chegando ao cidadão. Tomamos a iniciativa de promover um processo licitatório – que está sendo muito bem construído – que vai permitir que a Assembleia invista em campanhas institucionais.
O que será essa nova comunicação?
Traiano – É importante que se deixe bem claro que essa iniciativa não é para promoção pessoal de qualquer deputado. O objetivo é mostrar as iniciativas que a Assembleia promove, muitas vezes em parceria com outras instituições, como Ministério Público, Poder Judiciário, campanhas de interesse social. Esse é o objetivo dessa nova política de comunicação.
Existe um público interessado nesse tipo de comunicação?
Traiano – Sim. A pesquisa mostra que existe interesse do público em conhecer melhor as ações da Assembleia. Isso está muito claro. A dificuldade é, muitas vezes, fazer chegar até o cidadão ou a cidadã o que é feito pela Assembleia.
Que tipo de atividade da Assembleia pode interessar ao cidadão comum?
Traiano – Temos realizado atividades fantásticas. Desde as audiências públicas, que permitem que qualquer pessoa participe dos debates que antecedem a tramitação dos projetos que vão mexer com a vida de todo o mundo, até projetos como o da Escola do Legislativo, o Parlamento Universitário, ou o Assembleia no Enem, que ajudou milhares de jovens a ter bons resultados no Exame Nacional do Ensino Médio. Precisamos mostrar tudo isso.
Como será essa divulgação?
Traiano – Nossa ideia é divulgar todas essas iniciativas usando todos os veículos de comunicação: jornais, blogs, televisão e rádio. Existe hoje um grande desgaste da política, principalmente do Poder Legislativo. Precisamos resgatar essa imagem, atrair o jovem para que venha a militar na política.
Mais controle e transparência
Além da nova política de comunicação, a Assembleia Legislativa vai criar novos instrumentos de participação popular, de controle e de transparência para garantir melhor acesso da população aos serviços públicos. “Estamos criando o Procon Assembleia e a Defensoria Assembleia. A população terá acesso às duas instituições na Assembleia de uma forma diferenciada para ser bem atendida nas áreas do direito do consumidor”, diz o deputado Luiz Claudio Romanelli (PSB), 1º secretário do Legislativo.
Os ajustes para a instalação de uma sede da Defensoria na Assembleia estão adiantados e ela deve ocorrer em um período curto de tempo: “Já temos algumas experiências boas com defensorias em Minas Gerais e São Paulo. Podemos pegar o melhor de cada uma delas, definir o espaço físico e fazer um convênio com a Defensoria Pública”.
A instalação de uma unidade do Procon na Assembleia foi tema de reunião entre Ademar Traiano e Romanelli com o secretário da Justiça, Família e Trabalho, Ney Leprevost, e a diretora do Procon-PR, Claudia Silvano. “Queremos garantir a ampliação do acesso dos paranaenses aos serviços públicos, através de novos instrumentos de participação popular”, disse Romanelli.
Além desses mecanismos, foi criado um grupo para racionalizar o uso dos recursos públicos e para dar transparência aos atos do Legislativo: “Vamos discutir como é gasto cada real que a Casa tem. Ou seja, economizar dinheiro e, ao mesmo tempo, garantir que aquilo que se aplica é bem aplicado com a finalidade que é necessária”.