Brasília – Além da criação de novos ministérios, que passarão de 23 de Bolsonaro para 37 no futuro governo, e os decretos de “desarmamento”, ainda antes de tomar posse, Lula já decidiu que o preço dos combustíveis sobe a partir de 1º de janeiro. No início da semana, a informação do futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, era de que em acordo com a atual equipe econômica liderada pelo ministro Paulo Guedes, as isenções dos impostos federais (Pis/Cofins) sobre os combustíveis seriam prorrogados por pelo menos 30 dias, mesmo com a sugestão do atual governo para 90 dias.
Contudo, o mesmo Haddad comunicou a imprensa e a população, que a decisão do presidente eleito, Lula, é que o atual governo deve se abster “de tomar qualquer medida que venha a impactar o futuro governo”. Com isso, as isenções não serão prorrogadas e a carga tributária sobre os combustíveis, que foram zeradas pelo Governo Bolsonaro, voltam já no primeiro dia do futuro governo. Com isso, sem contar com o aumento das alíquotas do ICMS já definidas pelos estados (no Paraná vai passar de 18% para 19%), o preço da gasolina terá potencial de aumento imediato de pelo menos R$ 0,69 em todo o país. Com isso, o economista da Fundação Getulio Vargas (FGV/IBRE), André Braz, já estima aumento da inflação com o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) projetada para 1% em janeiro. No caso do diesel, o aumento será de cerca de R$ 0,33, e de R$ 0,26 para o etanol.
Assim, o impacto da retomada dos impostos em janeiro será sentido no bolso do consumidor já nos primeiros dias do ano do novo governo petista. “Com a isenção, o IPCA deveria chegar a 0,4%, refletindo a retirada dos impostos. Contudo, o retorno da cobrança dos impostos elevará o índice a 1%”, explica Braz.
O IPCA-15 ficou em 0,52% em dezembro, após registrar 0,53% em novembro, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Nos últimos 12 meses, o IPCA-15 acumula alta de 5,90%. Em dezembro de 2021, o IPCA-15 estava em alta de 0,78%.
“Sem pressa”
Em coletiva a imprensa, Haddad disse que “medidas que podem ser tomadas em janeiro não precisam ser tomadas de forma apressada agora. Nós vamos aguardar a nomeação do presidente da Petrobras. Estamos com expectativa em relação a muitas variáveis que impactam essa decisão, como a trajetória do dólar e do preço internacional do petróleo. Então, para a gente não tomar nenhuma decisão açodada, o governo atual se abstém e a gente com calma avalia”.
O futuro ministro da Fazendo confirmo que Paulo Guedes concordou em se abster e que, faltando apenas três dias para a transição de governo, não há urgência em resolver essas questões. O futuro ministro também informou que, nos primeiros dias de janeiro, a equipe econômica irá apresentar um plano para “cobrir o rombo que foi aberto em 2022 nas contas públicas”.
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