Política

EDITORIAL: Um precário sistema camuflado

Há anos que tanto o sistema quanto o modelo prisional do País se revela vencido. Seja pela superlotação, seja pelas cadeias de comando que continuam atuando de dentro das celas, com liberdade total sobre o crime das ruas. Além disso, é composto por presídios e cadeias superlotadas com condições estruturais muitas vezes subumanas.

Mas por pior que tudo isso pareça, ele ainda está camuflado e poderia ser bem pior. Muito pior.

Apenas no Paraná, há no sistema judicial mais de 28 mil mandados de prisão em aberto. São pessoas procuradas pela Justiça, condenadas ou não, que vivem suas vidas quase que normalmente. Até porque ninguém faz muita questão de ir atrás delas ou de que elas “apareçam”. E não é porque não querem que elas paguem suas penas. Apenas porque ninguém saberia onde colocá-las. Só para se ter uma ideia, as penitenciárias do Estado abrigam hoje mais de 21,1 mil presos, e operam acima da capacidade.

A lógica é quase irrefutável, mas há uma outra ainda mais perversa.

Essas pessoas transgrediram a lei, e quem garante que ainda não a transgridam?

Vale lembrar a razão pela qual se prende alguém: geralmente porque elas não têm condições de conviver em sociedade porque não aceita cumprir as regras para tal. Ou seja, põem em risco a segurança geral.

Considerando o crescimento da violência e a dificuldade em implementar políticas de sucesso na área de segurança pública, não há, pelo menos para curto prazo, qualquer expectativa de que as coisas melhorem. Ou seja, a tendência é só piorar. Se temos uma bomba-relógio dentro dos presídios, também cresce na surdina uma situação prestes a explodir no meio de todos.