Política

Combustíveis: Grupo da Unila desenvolve cálculo do preço do combustível

Greve de caminhoneiros provoca fila para abastecimento de combustível em posto de gasolina no Rio de Janeiro.
Greve de caminhoneiros provoca fila para abastecimento de combustível em posto de gasolina no Rio de Janeiro.

Foz do Iguaçu – Pesquisadores do Grupo de Mobilidade e Matriz Energética da Unila (Universidade Federal da Integração Latino-Americana), de Foz do Iguaçu, elaboraram um novo método para calcular a formação de preço do combustível no Brasil. O mecanismo foi baseado em um modelo proposto pela AEPET (Associação dos Engenheiros da Petrobras), ainda em 2019, chamado de PJC (Preço Justo e Competitivo).

O professor e coordenador do grupo, Ricardo Hartmann, explicou que a metodologia para o cálculo foi proposta pela AEPET, com dados internos da Petrobras, os quais o grupo de pesquisa não tem acesso. Segundo ele, o que o grupo da Unila propôs foi à construção de um código computacional para a realização do cálculo. “A AEPET propôs o algorítmico em 2019 e nós fizemos uma adaptação e construímos um código computacional. O que nós fizemos foi fazer uma melhoria no algoritmo e escrever uma linguagem computacional pra ele”, explica Hartmann.

O estudo prevê a utilização dos valores da política PPI (Preço de Paridade de Importação), utilizada pela Petrobras desde outubro de 2016. Os dados levam em conta o histórico desses valores. “A lógica de cálculo é bem simples: primeiramente se utiliza o valor de referência de comercialização do óleo diesel nas refinarias do modelo PPI. Com o valor PPI, realiza-se a subtração de parâmetros de amortecimento conforme a cotação do petróleo Brent no mercado internacional”, diz o estudo. O modelo ainda leva em conta outros dados técnicos e equações que podem ser encontrados no estudo, disponibilizado no site do jornal O Paraná.

De acordo com Hartmann, mesmo levando em consideração a PPI, e todos os custos de exploração do petróleo, transporte e produção, a competitividade e a lucratividade da Petrobras seriam mantidas, em uma faixa de 9%. “Começamos a analisar alguns outros modelos de formação de preço. Esse modelo que nós estamos propondo fornece preços mais acessíveis ao consumidor e mantém a lucratividade e a competitividade da Petrobras, e isso graças à aplicação do modelo computacional e a linguagem que construímos.”

No bolso

Segundo Hartmann, se a metodologia fosse aplicada ao mercado, o consumidor brasileiro poderia estar pagando um valor menor sobre os combustíveis, em especial, o óleo diesel. “Hoje se nós formos comparar, o nosso modelo traria o óleo diesel a R$ 3 por litro para o consumidor brasileiro. A gasolina também ficaria em um preço semelhante, mas a gasolina tem um diferencial em relação aos impostos. […] Geralmente o que acontece é que os preços das refinarias não são muito diferentes entre óleo diesel e gasolina, mas o que muda é a tributação. O código que nós construímos pode ser usado tanto para óleo diesel quanto para a gasolina.”

Segundo o estudo, mesmo com a oscilação e altos preços do petróleo no mercado internacional, o modelo de preços AEPET/Unila seria capaz de proteger o consumidor brasileiro.

Sobrepreço

Além disso, de acordo com o estudo que levou em conta os preços do diesel praticados pela refinaria Repar, de Araucária, o consumidor paranaense pagou um sobrepreço no óleo diesel devido a política de preços do PPI. “Uma conclusão matemática direta da observação é que há uma diferença de preços, ou um sobrepreço pago pelo consumidor Paranaense”, prevê o estudo.

Principal vilão

Na avaliação do especialista, “o grande vilão” dos preços altos dos combustíveis é exatamente a política de preços adotada pela Petrobras. Segundo Hartmann, a “dolarização” do petróleo nacional e a falta de investimentos em refinarias aumentam consideravelmente os valores do insumo.

“Quando o presidente Michel Temer assumiu a presidência, a Petrobras mudou a política de preços para uma nova política, chamada PPI, que é o Preço de Paridade de Importação. Na verdade dolarizaram os preços, que é uma situação muito engraçada, pois nós produzimos todo o petróleo, temos um preço de custo de aproximadamente R$ 1 ou R$ 1,10 para cada litro de gasolina e cada litro de diesel, mas o consumidor brasileiro paga como se fosse importado. Então nós produzimos tudo com preço de custo baixo e pagamos o preço internacional, e é por isso que o preço da gasolina e do diesel ficaram muito caro nos últimos cinco ou seis anos.”

Confira o estudo completo aqui.

Foto: ABR