Brasília – A falta de conservação das rodovias federais não é um problema isolado de um estado ou outro. O problema é maior do que se imaginava e traz prejuízos bilionários aos transportadores. Um estudo divulgado ontem (9), pela CNT (Confederação Nacional dos Transportes) sobre o estado da malha rodoviária brasileira traz alguns dados preocupantes. Para a realização do levantamento foi avaliada 100% da malha rodoviária pavimentada federal e as principais rodovias estaduais.
O documento aponta que o estado geral da malha rodoviária brasileira piorou em 2022. Dos 110.333 quilômetros avaliados, 66,0% foram classificados como Regular, Ruim ou Péssimo. Em 2021, esse percentual era de 61,8%. A pesquisa estima a necessidade de aportes na ordem de R$ 95 bilhões para recuperar a malha rodoviária com intervenções de reconstrução, restauração e manutenção. De acordo com a CNT, esse valor é 15 vezes superior ao montante destinado em 2021 pelo governo Federal para obras desse tipo.
Segundo o levantamento, para recuperar as rodovias com ações emergenciais, o valor seria de R$ 72,2 bilhões. Outro dado apontado pelo estudo estima que no decorrer desse ano haverá um consumo de 1,1 bilhão de litros de diesel devido à má qualidade do pavimento da malha rodoviária no Brasil. Esse desperdício custará R$ 4,89 bilhões aos transportadores. De acordo com o estudo, as condições do pavimento ruim, geram um custo operacional do transporte de 33,1% a mais.
“Essas condições inadequadas ocasionam, ainda, danos ambientais e à saúde, pois propiciam o aumento de emissões de gases de efeito estufa. Além disso, representam um custo de, aproximadamente, R$ 4,89 bilhões para os transportadores de cargas e de passageiros no Brasil, uma vez que se estima um consumo adicional e desnecessário de 1,072 bilhão de litros de diesel.”
Concessão de rodovias
O levantamento ainda realizou uma comparação entre as rodovias sob concessão e as sem concessão. De acordo com o resultado da avaliação, o estado geral das rodovias concedidas aponta que 69,0% dos 23.238 quilômetros pesquisados são classificados como Ótimo ou Bom; 25,8% (5.988 quilômetros), Regular; e apenas 5,2% (1.209 quilômetros), Ruim ou Péssimo.
Já nos trechos federais e estaduais sob gestão pública, o estado geral na classificação Ótimo e Bom é de 24,7%. Já 75,3% (65.566 quilômetros) da malha rodoviária sob gestão pública apresentam algum tipo de problema, sendo classificados como Regular, Ruim ou Péssimo.
Segundo a pesquisa, o cenário é diferente porque há um maior investimento feito pelas concessionárias em relação às aplicações realizadas pelo setor público. Entretanto, segundo o levantamento, apesar do bom desempenho das concessões e das expectativas para a viabilização de novos projetos, o êxito depende de aprimoramentos institucionais e um ambiente de estabilidade político-econômica para a atração de novos investidores. A CTN defende a ampliação da extensão rodoviária concedida a iniciativa privada.
“Uma vez que o modelo de concessões não é viável economicamente para a totalidade da malha rodoviária, é imprescindível recuperar – e, na medida do possível, ampliar – a capacidade de investimento do Estado em infraestrutura. A sua atuação é primordial para reduzir as desigualdades regionais quanto à densidade e à qualidade da malha e as discrepâncias nas condições das rodovias públicas relativamente às concedidas”, diz o estudo.
Foto: Arquivo/O Paraná
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No Paraná 37,5% está “boa”
No estado do Paraná foram analisados 6.374 km de rodovias, que representam 5,8% do total das rodovias pesquisadas no Brasil. De acordo com o relatório, 62,5% da malha rodoviária pavimentada do Paraná apresenta algum tipo de problema, sendo considerada regular, ruim ou péssima. 37,5% da malha é considerada ótima ou boa.
O levantamento ainda identificou três pontos críticos da malha rodoviária no Estado. Segundo o estudo, as condições do pavimento geram um custo operacional do transporte de 28,8% no Estado. Além disso, somente no Paraná é estimado um consumo extra de diesel para 2022 de 63,6 milhões de litros, causando um custo adicional de R$ 290,12 milhões.
De acordo com o estudo, para recuperar as rodovias federais no Paraná e as principais estaduais, seriam necessários R$ 2,32 bilhões.
O Paraná possuía concessão nas rodovias Federais até novembro de 2021, quando se findou o contrato de 30 anos. Atualmente, o novo projeto de concessão das rodovias do Paraná está sendo analisado pelo Tribunal de Contas da União.