Policial

Nova perícia não localiza tiro na cabeça de sem-terra morto

A PF aguarda também o resultado da reconstituição do confronto

Cascavel – O delegado-chefe da Polícia Federal em Cascavel, Celso Mochi, falou ontem sobre as novas perícias realizadas nos corpos dos dois integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra) mortos em confronto com a Polícia Militar no mês de abril, em Quedas do Iguaçu.

O resultado dos exames devem ficar prontos em cerca 30 dias. No entanto, preliminarmente foi descartada a suposta existência de um disparo de arma de fogo na cabeça de um dos mortos, diferentemente do que alegava o MST.

Apesar das impressões iniciais, Mochi afirmou que apenas a apresentação do laudo trará respostas definitivas sobre o confronto. “Mas já posso adiantar que as suspeitas não se confirmam”, disse.

Além de dirimir a dúvida sobre esse suposto disparo, a nova necropsia foi realizada em um dos cadáveres para tentar localizar um projétil não encontrado na primeira perícia. “Este projétil também não foi encontrado, porque estilhaçou. Foram encontrados apenas vestígios, de maneira que não é possível o confronto balístico”, comentou Mochi.

Além de sanar eventuais dúvidas, os laudos são necessários para que a Polícia Federal conclua o inquérito. A PF aguarda também o resultado da reconstituição do confronto. “Só será pedida a prorrogação do prazo caso os laudos não cheguem a tempo, mas, a priori, a investigação se encerra aí”, finalizou.

Necropsia praticamente descarta execução

A 15ª SDP (Subdivisão Policial) também instaurou um inquérito para apurar o confronto entre Polícia Militar e MST, ainda em abril. O pedido de exumação, inclusive, foi feito pela polícia de Cascavel a partir de questionamentos feitos pela defesa do movimento em relação aos laudos do IML (Instituto Médico-Legal).

Conforme a perícia realizada pelo IML de Cascavel, as mortes das vítimas ocorreram em decorrência de um disparo em cada corpo – um na parte frontal e outro nas costas.

A nova necropsia dos corpos foi realizada por peritos da Polícia Federal e sendo acompanhada pelas polícias Civil e Militar, Ministério Público e advogados de defesa do MST. O corpo de Vilmar Bordim foi trazido a Cascavel, onde passou por perícia em uma clínica da cidade. Já o corpo de Leomar Orbach foi examinado em Francisco Beltrão. As impressões iniciais da nova necropsia confirmam a versão da Polícia Civil, que descartou a hipótese de execução.