Educação

Levantamento mostra associação da Tríplice Fronteira com o terrorismo

O levantamento foi apresentado e debatido ontem à noite no Espaço Florestan Fernandes 3 do PTI

Foz do Iguaçu – A atenção de veículos de imprensa da Argentina, do Brasil e do Paraguai às supostas atividades associadas ao terrorismo e à Tríplice Fronteira, ao longo de 2018, é tema de um levantamento que foi apresentado e debatido ontem à noite no Espaço Florestan Fernandes 3 do PTI (Parque Tecnológico Itaipu), em Foz do Iguaçu.

O estudo foi promovido para o ciclo de debates do Grupo de Pesquisa Tríplice Fronteira (GTF-Debate), da Unila (Universidade Federal da Integração Latino-Americana), sob a coordenação do professor Micael Alvino Silva, docente do Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais. “Partimos do pressuposto de que as reportagens noticiam fatos, apresentam tendências e, mais importante, tornam-se fontes para outros jornalistas e até mesmo acadêmicos”, afirmou Micael.

Segundo o professor, o objetivo foi analisar como a imprensa desses três países reportou os fatos associados ao nexo entre o terrorismo e a área da Tríplice Fronteira em 2018, quando fatos novos colocaram o tema de volta aos holofotes da imprensa. Entre eles, a prisão de Mahmoud Ali Barakat por lavagem de dinheiro no Paraguai (junho); a investigação de lavagem de dinheiro em cassinos e o congelamento de bens e dinheiro do “Clã Barakat” na Argentina (julho); a descoberta de passaporte irregular emitido a Assad Ahmad Barakat, no Paraguai (agosto); a prisão de Assad Ahmad Barakat no Brasil, a pedido do Paraguai (setembro); e a autorização de extradição de Mahmoud Ali Barakat para os EUA, para ser julgado por lavagem de dinheiro (outubro). Outros dois eventos também contribuíram para colocar o assunto em evidência, como a posse do novo presidente do Paraguai, Mário Abdo Benítez, em agosto, e a reunião de cúpula do G20 na Argentina, em dezembro.

Foram identificadas 96 reportagens que repercutiram o terrorismo na área da Tríplice Fronteira ao longo de 2018. A maioria dos textos encontrados é de veículos da Argentina (51 matérias); no Paraguai foram 30 textos, o dobro do Brasil, que teve 15 matérias analisadas.

A triagem se baseou em expressões-chaves: “terrorismo” e “Tríplice Fronteira”. Outro dado extraído dos textos recai sobre a movimentação financeira atribuída a Cidade do Leste: o estudo concluiu que é possível que o montante tenha ficado na casa dos US$ 5 bilhões a US$ 6 bilhões, apenas em 2017.

Histórico

A área da fronteira Argentina-Brasil-Paraguai tem sido associada ao terrorismo desde a década de 1990, mais especificamente após os atentados à Embaixada de Israel (1992) e à Associação Mutual Israelita Argentina – Amia (1994).