Opinião

Selic baixou, e os juros do cheque especial?

Por Carla Hachmann

O Brasil atinge um novo patamar histórico da taxa básica de juros, a Selic, que alcançou 4,5% ao ano nesta semana. Vale lembrar que há quatro anos ela estava em 14,25%. Mas, na prática, o que muda na nossa vida essa taxa inédita?

Para o governo, a Selic é usada principalmente para monitorar a inflação. Quanto maior a inflação, maior a taxa.

Para o cidadão comum, que tem uma vida simples, com uma (ou mais) conta bancária, cartão de crédito e (quem sabe) cheques, a Taxa Selic praticamente não muda sua rotina. Salvo quem tem uma graninha na poupança, onde a Selic exerce influência na taxa de correção (nesse caso, para menor).

Se você tem um pouco mais de dinheiro e faz os chamados “investimentos” no mercado financeiro, precisa ficar atento. Porque, certamente, as taxas oferecidas ficarão menores.

Agora, a grande dúvida é: se a Selic caiu tanto, por que os juros bancários continuam nas alturas?

Na teoria, isso deveria ser automático. Na prática, uma grande força parece blindar os bancos. Afinal, eles captam recursos a juros baixos, mas repassam aos clientes com taxas absurdas, para não dizer abusivas.

Os bancos usam a inadimplência como argumento para manter as taxas nas alturas. Ora, se cobrassem menos, seria mais fácil o cliente pagar a dívida, que não se multiplicaria como acontece hoje…

O governo tenta pressionar a redução, mas mesmo o limite de 8% imposto ao cheque especial ainda é ridículo, pois significa que o banco cobra em um mês a taxa Selic de quase dois anos.

Para especialistas, o jeito mais fácil é a própria pressão do cliente. É sentar na frente do gerente e insistir. Em últimos casos, migrar de banco. Algumas instituições, a exemplo de cooperativas e até a própria Caixa, já instituíram taxas bem menores que a concorrência.