Ter um direito a algo é uma sensação agradável e, por ser uma sensação tão agradável, algumas pessoas gostam de mantê-la. Elas preferem manter a sua reivindicação a permitir que outros lhes deem algo, como se seguissem o lema: É melhor que você se sinta obrigado do que eu. (Bert Hellinger, Zweierlei Glück, p. 23).
Somos movidos internamente por uma dinâmica psíquica de tendência antagônica, que pode ser comparada a um pêndulo que não tem como permanecer numa posição de equilíbrio: direitos, de um lado; obrigações, de outro.
Por um lado, nos sentimos merecedores: O sentimento de ser merecedor é alimentado pela ideia de que temos direitos.
Por outro lado, nos sentimos em dívida: O sentimento de estar endividado é alimentado pela culpa. A língua de Bert Hellinger – o alemão – tem uma mesma palavra para os dois termos (dívida e culpa): “Schuld”.
Enquanto o sentimento de ter direitos – de ser merecedor – nos traz uma sensação agradável de bem-estar e uma consciência leve ou boa (gutes Gewissen), o sentimento de obrigação – de estar em dívida/culpa – nos traz uma sensação desagradável de mal-estar e produz em nós uma consciência pesada ou má (schlechtes Gewissen).
O dramático desta dinâmica antagônica interna é o fato de algumas pessoas, por não suportarem a dívida/culpa, se recusam a tomar. Tomar sacia a “falta”, mas, ao mesmo tempo, gera a “falha”, isto é, o sentimento de culpa: “estou em dívida”.
A pessoa que não consegue tomar segue inconscientemente a seguinte dinâmica interna: “Prefiro que você se sinta obrigado comigo a que eu me sinta contigo”.
Quando num relacionamento de casal existe esta dinâmica em um dos cônjuges, o efeito mais frequente é aquele cônjuge que só toma e não consegue dar acabar por se sentir endividado e, dado o sentimento de culpa que isso gera nele, abandona a relação.
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JOSÉ LUIZ AMES E ROSANA MARCELINO são consteladores familiares e terapeutas sistêmicos e conduzem a Amparar
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