A campanha Novembro Azul teve início em 2003 na Austrália, quando alguns amigos deixaram o bigode crescer – o que, na época, estava fora de moda – com o objetivo de chamar a atenção para a saúde masculina. Desde então, o mês foi escolhido para a realização da conscientização mundial para prevenção de doenças masculinas, com ênfase na prevenção e no diagnóstico precoce do câncer de próstata.
No Brasil, um homem morre a cada 38 minutos devido ao câncer de próstata, segundo os dados mais recentes do Inca (Instituto Nacional do Câncer). O Inca aponta ainda que o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens e o Ministério da Saúde calcula que ele causa a morte de 28,6% da população masculina que desenvolve neoplasias malignas no Brasil. Esse tipo é considerado um câncer que acomete mais pessoas da terceira idade, já que cerca de três quartos dos casos no mundo ocorrem a partir dos 65 anos.
O Inca estima ainda a ocorrência de 68 mil casos novos em 2018 no Brasil, mostrando tendência de aumento das taxas de incidência, que pode ser explicada pela evolução dos métodos diagnósticos (exames), pela melhoria na qualidade dos sistemas de informação do País e pelo aumento na expectativa de vida.
A próstata é uma glândula que só o homem tem e que se localiza na parte baixa do abdômen, logo abaixo da bexiga e à frente do reto. A próstata produz parte do sêmen, líquido espesso que contém os espermatozoides, liberado durante o ato sexual. O órgão envolve a porção inicial da uretra, tubo pelo qual a urina armazenada na bexiga é eliminada – por isso os primeiros sintomas do tumor são a dificuldade de urinar, frequência urinária alterada ou diminuição da força do jato da urina, dentre outros.
Na fase inicial, por ter poucos sintomas, o câncer de próstata pode evoluir, na maioria dos casos quando o homem procura atendimento por apresentar os sinais já estão em fase avançada, dificultando a cura. Na fase avançada, os sintomas são: dor óssea; dores ao urinar; vontade de urinar com frequência e presença de sangue na urina e/ou no sêmen.
Os tumores de prótese podem crescer de forma rápida, espalhando-se para outros órgãos, podendo levar à morte. Contudo, a grande maioria cresce de forma lenta, não apresentando sinais e sintomas, o que faz com que os homens não busquem atendimento médico e negligenciem a saúde. Essa falta de cuidado pode prejudicar também o tratamento e a sobrevida. Por essa razão é importante fazer exames anuais da próstata.
Os homens que apresentam histórico familiar de câncer de próstata (pai, irmão e tio) devem se preocupar com esse fator de risco. Os homens negros também têm maior risco de serem acometidos pela doença, e a obesidade se configura como um fator de risco a ser igualmente considerado.
Homens a partir dos 50 anos devem procurar um serviço de saúde para realizar exames de rotina. O toque retal é o teste mais utilizado, apesar de suas limitações: somente a porção posterior e lateral da próstata pode ser palpada. É recomendável fazer o exame PSA (antígeno prostático específico, na sigla em inglês), que pode identificar o aumento de uma proteína produzida pela próstata que seria um indício da doença. Para um diagnóstico preciso, é necessário analisar parte do tecido da glândula, obtida pela biópsia da próstata.
Caso a doença seja comprovada, o médico pode indicar radioterapia, cirurgia ou até tratamento hormonal. Para doença metastática (quando o tumor original já se espalhou para outras partes do corpo), o tratamento escolhido é a terapia hormonal. A escolha do tratamento mais adequado deve ser individualizada e definida após médico e paciente discutirem os riscos e benefícios.
Ivana Maria Saes Busato, coordenadora do curso de Gestão Hospitalar do Centro Universitário Internacional Uninter; e Rodrigo Berté, diretor da Escola Superior de Saúde, Biociências, Meio Ambiente e Humanidades do Centro Universitário Internacional Uninter