Opinião

OPINIÃO: Diversificação do powertrain é uma tendência no Brasil

Quando se fala em eficiência energética para veículos, um tema que tem sido muito discutido é a eletrificação. Entretanto, no atual momento não se pode considerar que haverá uma mudança brusca de tecnologias, porque existem muitas possibilidades. Além disso, acredita-se que as alternativas coexistirão por um bom tempo. Como opções, podem ser citados motores ciclo Otto otimizados, sistemas mild-hybrids e veículos híbridos, assim como utilização de células de combustível para geração de energia, dentre outras.

Vale acrescentar que a definição de um tipo de motorização não pode ser baseada exclusivamente na emissão de poluentes do veículo, mas também precisa considerar as fontes de geração de energia, conforme abordagem conhecida como “do poço à roda”, que pressupõe a medição de CO2 emitido desde a produção de determinado combustível até a sua utilização no veículo.

Os motores ciclo Otto continuam em desenvolvimento. Melhorias recentes e contínuas são realizadas conforme as diferentes estratégias de combustão adotadas, que contemplam estudos sobre formas de injeção de combustível (direta, estratificada ou com adição de água), assim como análises de tempos otimizados para abertura e fechamento de válvulas – tudo visando à melhoria da eficiência energética.

Outro exemplo é a melhoria contínua do acabamento superficial de diversos componentes e o uso de recobrimentos, estas estratégias combinadas com a utilização de lubrificantes de baixa viscosidade têm como foco a redução de atrito. Outras iniciativas vão em direção ao estudo de combustíveis alternativos e ao uso intensificado de eletrônica embarcada com maior processamento de informações.

No Brasil se tem a particularidade da utilização do etanol, biocombustível renovável que traz importante diferencial para a indústria automotiva nacional. Os desenvolvimentos para motores flex-fuel realizados aqui ainda podem ser posteriormente transplantados para as matrizes das montadoras.

As novas legislações impulsionam o desenvolvimento de tecnologias e melhoram a competitividade da indústria. Espera-se que o Rota 2030 potencialize o desenvolvimento da engenharia nacional, com a adaptação de tecnologias disponíveis globalmente e a intensificação do uso do etanol para atingir os limites de consumo de combustível e emissão de poluentes estabelecidos. Tais desenvolvimentos podem melhorar a infraestrutura, a mão de obra e a geração de conhecimento no País.

Esses e outros assuntos serão debatidos no 16º Simpósio SAE Brasil de Powetrain, que reunirá profissionais de renome no mercado em programações simultâneas, uma dedicada a motores ciclo Otto e outra focada em sistemas de transmissões. Toda a comunidade de engenharia está convidada para o encontro, que será realizado dias 24 e 25 de outubro, no Parque Tecnológico de Sorocaba.

Samantha Uehara é engenheira mecânica e coordenadora da Comissão de Motores Ciclo Otto do 16º Simpósio SAE Brasil de Powertrain

Espera-se que o Rota 2030 potencialize o desenvolvimento da engenharia nacional, com a adaptação de tecnologias disponíveis globalmente