Opinião

O organizado mundo do crime

Por Carla Hachmann

A cada nova revelação sobre a estrutura interna de uma das maiores facções criminosas do País a gente entende o porquê da expressão “crime organizado” e constata o quanto o sistema prisional é frágil. Operação deflagrada ontem mostrou um pouco da “contabilidade” do PCC (Primeiro Comando da Capital).

O grupo – qualificado como célula terrorista pelas forças de inteligência brasileiras – cobra mensalidade dos seus membros para manter a estrutura armada ao redor de penitenciárias para instalação de familiares e assim garantir que os chefões presos continuem “trabalhando”.

Além do tráfico e do contrabando de cigarros, o PCC utiliza outras formas de autofinanciamento. Quem não paga em dinheiro, tem a opção de “prestar serviço”, executando os indicados para morrer.

Assusta ainda mais a constatação de que essa operação inclui os presídios federais, considerados de segurança máxima.

Há tempos que as autoridades sabem que a prisão não significa aposentadoria para esses criminosos. Mas daí até o encarceramento efetivo desses líderes parece tarefa difícil de ser concretizada.

Neste ano, a Justiça restringiu as visitas nas unidades federais ao parlatório, ou seja, sem qualquer contato físico, mas, pelo que parece, ainda assim não tem sido suficiente e o “home-office” dos chefões parece que continua sendo operado.

E, se nem isso tem bastado, imagine o que fazer com estruturas superlotadas e contingente de segurança insuficiente para dar conta de tanto preso. É como ir para uma guerra nuclear armados só com estilingues.