Um dos primeiros atos do presidente Jair Bolsonaro, tomado menos de 24 horas depois de assumir o cargo, foi mudar as regras dos livros didáticos comprados para as escolas da rede pública em todo o País. E as mudanças são preocupantes. Tirou a necessidade de as editoras informarem as referências bibliográficas dos conteúdos e liberou a inclusão de publicidades e de erros. Isso mesmo! A partir de agora os livros didáticos podem conter palavras erradas. Bolsonaro liberou!
Além de se questionar qual a necessidade de fazer essa alteração antes mesmo de esquentar a cadeira, há de se perguntar qual a lógica disso.
O MEC (Ministério da Educação) compra livros didáticos para todas as escolas públicas do País. São cerca de 150 milhões de livros por ano ao custo de R$ 1 bilhão. As mudanças foram feitas no programa cujos livros serão comprados para o ensino fundamental 2 (6º a 9º ano).
Ao longo dos anos, o Programa Nacional do Livro Didático foi se tornando muito rígido na escolha dos livros, o que era elogiado no meio. O processo de seleção era rigoroso e dispunha de uma série de quesitos. Como exemplo, materiais que tivessem erros em mais de 10% das páginas eram desclassificados. Agora, podem errar à vontade.
O que mais preocupa é tomar uma decisão sem ouvir nem consultar quem é da área, trabalha com isso há anos e tem informação e formação suficientes para explicar a necessidade desses critérios.
Mas, por força de uma ideologia construída por meio de crenças estapafúrdias e senso comum sem fundamento, e para justificar um discurso de campanha preconceituoso, governam como se fossem fixar as regras da própria casa olhando apenas para o próprio umbigo.