Estatísticas divulgadas ontem confirmam o quanto o Brasil precisa avançar no desenvolvimento social. Apesar do fim da recessão, a pobreza continuou a crescer. E, de 2016 para 2017, 2 milhões de pessoas passaram para baixo da linha de pobreza estabelecida pelo Banco Mundial. Com isso, o Brasil chegou a números preocupantes: são 54,8 milhões de brasileiros abaixo dessa faixa, que (sobre)vivem com R$ 406 por mês.
E se mais gente passou a ganhar menos, aumenta a concentração de renda. Em 2017, os rendimentos dos 20,7 milhões de brasileiros que estão no topo da pirâmide social equivaliam a 12,4 vezes a renda média dos 82,8 milhões que estão na base das faixas de rendimento.
Além da severa crise econômica em si, cuja intensidade e tempo ninguém conseguiu prever, uma das explicações para esse contingente de pobres é a própria falta de emprego.
Para se ter uma ideia, a taxa de desocupação no Brasil, que era de 6,9%, subiu para 12,5% entre 2014 e 2017, o que significa 6,2 milhões de pessoas desocupadas a mais no período, com crescimento em todas as regiões e em todos os grupos etários.
Para não morrer de fome, muitos se viram obrigados a ingressarem na informalidade, cujo impacto será sentido em breve nas contas da já calejada previdência social. Nesse caso, o trabalho informal chegou a 37,3 milhões de pessoas (40,8% da população ocupada). Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), autor de todos esses dados divulgados ontem, o contingente cresceu 1,2 milhão desde 2014, quando representava 39,1% da população ocupada.