Opinião

Coluna Juliano Gazola: Um entre poucos.

É grande a coleção de vidas salvas pelo professor, na busca incansável pela verdade das coisas. Eu mesmo me vejo nessa busca, mas, ao ver a história do professor, não estou incansável como o mestre

Coluna Juliano Gazola: Um entre poucos.

Imagine o que Sócrates provocou em sua época com seus comentários sobre a política do dia.

E refletir profundamente, já na vida adulta sobre algum professor, dentre os homens que tenha sido em minha opinião, o melhor professor de todos os tempos.

Tal professor, alcunhado de vários adjetivos, muitos negativos e até mesmo depreciativos em 2016 me chamou a atenção, através de seu soneto de natal. O Natal já passou, assim como a vida terrena deste professor há poucos dias também passou. Querido professor Olavo de Carvalho. O Soneto era assim.

Nasceste deste mundo sem sair do eterno

E para lá voltaste sem sair daqui.

Discursaste aos demônios no fundo do inferno

Sem nem descer do trono que pertence a ti.

Ferido e mutilado, no topo da cruz,

Resgatavas da morte eterna Teus algozes,

Que ao pregar no madeiro duro os Teus pés nus,

Sorviam com delícia as Tuas dores atrozes.

Não perdeste nenhum dos que o Pai Te entregou,

Mesmo os que relutavam em seguir teus passos,

Sem saber que só em Ti podem dizer “Eu Sou”.

Salva-nos por Teus méritos, encarnação

Do verbo, pois os nossos são falsos e escassos.

E nem para louvar-Te jamais bastarão.

É grande a coleção de vidas salvas pelo professor, na busca incansável pela verdade das coisas. Eu mesmo me vejo nessa busca, mas, ao ver a história do professor, não estou incansável como o mestre.

O legado verdadeiro se dá pelas vidas transformadas, sem precisar recorrer à coerção.

Tudo que se deve fazer era aguardar e ouvir o professor falar. O Brasil produziu Olavo de Carvalho. A junção da comédia com a realidade, o carisma cristão e o talento inigualável em cunhar palavrões.

No último dia 24 de Janeiro, Olavo passou para a vida eterna. No meu coração é uma daquelas mortes que fez pensar. Será que ele tirou sorte grande? Será que ele terá as respostas que tanto busca?

A realidade que corre destes dias para cá é que quando um homem grande morre, é azar de quem fica. A sua obra permanece e irá perdurar em cada um dos seus alunos, e nós, iremos reproduzir em escalas assustadoras.

Porque agora não há mais corpo para ser ofendido. Há a força das ideias de Olavo e a energia do seu exemplo de vida, na busca pela verdade das coisas.

Que o desânimo com sua partida não prevaleça, mas encha nossos corações com o ardor de fazer aquilo que de forma legítima ele esperava de nós. De viver uma vida que de verdade valha a pena ser contada.

Para que seu caminho neste enfrentamento fique mais favorável a você, a única coisa que importa é a sua personalidade.

“Tudo em volta induz a loucura, ao infantilismo, à exasperação imaginativa. Contra isso, o estudo não basta. Tomem consciência da infecção moral e lutem, lutem, lutem pelo seu equilíbrio, pela sua maturidade, pela sua lucidez. Prometam a vocês mesmos ser personalidades fortes, bem estruturadas, serenas no meio da tempestade, prontas a vencer todos os obstáculos com a ajuda de Deus e de mais ninguém. Prometam ser”.

Como você tem lutado pelo seu equilíbrio, maturidade e lucidez? Conte-me.

Juliano Gazola