Aqui na terra, há uma simbiose dolorida que habita em nosso dia a dia. Para algumas pessoas, demora um tempo para ocorrer, por vezes, a circunstância sequestra nossa atenção e, após um terremoto emocional encaramos face a face o evento.
Falo do luto, uma dor que invade o peito de forma homeopática ou cavalar, depende muito da evolução na escala de entendimento espiritual e da maturidade intelectual. Obviamente soma ainda a própria força física, de suportar as alterações no corpo que ocorrem, dentro de uma notícia de perda.
Um conflito biológico ocorre quando algo ocorre de forma intensa, vivida individualmente e de forma inesperada, causando um impacto na psique, no cérebro e num órgão específico.
Ser forte para momentos de luto, de forma alguma significa diminuir o sentimento de alguém que passa por isto e desta forma, família, amigos e sacerdotes não devem assim tentar fazer.
“Ele enfim descansou”, “ela esta num lugar melhor”, são frases que permeiam os acontecimentos de óbito.
Para muitas pessoas, há a necessidade de tocar, abraçar, ver. Não podemos ser petulantes em querer estimar a dor de perder alguém que amamos e admiramos.
O respeito a tristeza alheia deve existir, contudo temos o dever de agir segundo o amor. É certo que a tristeza tem o seu devido lugar e devemos respeitá-la.
Contudo, a tristeza é um sentimento e de fato eles não precisam ser determinantes para a condução de nossa vida.
A prova disto é que mesmo tristes, com o devido tempo podemos agir com amor e permitir de forma leve e cadenciada que a esperança entre em nosso peito.
A pergunta que vem neste caso é: como dar ao sentimento de tristeza o lugar que lhe pertence? E como desenvolver nossa capacidade de agir com amor, mesmo diante de perdas consideráveis?
A verdade clara que bate em nosso peito é: existe o tempo de chorar e o tempo de sarar.
Tristeza é um sentimento, assim como o sentimento da alegria. Porém o amor não é um sentimento. O amor é ação. É agir ainda que estejamos tristes, sem o desrespeito a ela.
Agindo com amor dentro do sentimento de tristeza, vamos passo a passo dando escavando, abrindo espaço para a esperança, dando a tristeza o lugar dela. Aceitar a tristeza ao invés de lutar contra ela, o seu sofrimento será menor.
A tristeza não deve assumir o controle soberano da sua vida. Devemos sim aceitar a lágrima em nossos olhos, mas com amor em nossa visão. Mesmo triste, aja com amor.
Quais as pessoas que você ama, e que neste presente esta por aqui? Da sua lista, qual o ato de amor que você pode fazer por ela ainda hoje? Ouvir, auxiliar, servir.
Defina quando você irá agir com amor. É somente com atos de amor, que a esperança e a alegria irão bater forte no seu peito. E de forma alguma isto vai significar que você deixou de amar alguém que foi embora.
Perdemos Valéria Bellafronte e um compromisso de agir com amor pode colocar a tristeza em seu devido lugar.