Opinião

Coluna AMC: Insônia infantil e Coelho Chocolate – Parte II

Coluna AMC: Insônia infantil e Coelho Chocolate – Parte II

Fiz o relato inicial primordialmente (artigo da semana passada) para contar uma das histórias que usei com minhas gêmeas caçulas, a Clara e a Sofia. Todo domingo à noite eu era o responsável por lhes pôr na cama a dormir e criamos a história do Coelho Chocolate e sua turma.

A história começa assim:

– Você sabe como nasce um coelho da páscoa? Se não sabe, passo a contar. Na manhã de páscoa, os coelhos distribuem ovos, sendo alguns de chocolate e ocorre que as crianças, por vezes, não encontram um ou outro ovo que foram escondidos em quintais ou jardins. Como moramos na cidade de Cascavel, no Oeste do Paraná, nossa história se passa numa cidade paralela que chamamos de Jararaca e um ovo de coelho da páscoa fora esquecido num jardim e permitiu que um novo coelhinho se desenvolvesse. Quando do nascimento desse coelhinho, estava um dia de muito calor e a casca de chocolate derreteu, tingindo seu pelo de marrom e, por isso, seu nome de Coelho Chocolate, já que tecia um paralelo com um coelho que havia na escola em que estudou minha filha do meio, Giullia, que era o Coelho Juca e, já no tempo das gêmeas havia o Coelho Cacau. A escola que minhas filhas frequentam é a Passo Certo. Então a escola de nossa história se chama Pequeno Passo, onde duas meninas, também gêmeas, de nomes Clarisbela e Sofiscleia estudavam e o Coelho Chocolate passou a morar nessa escola. Mas o Coelho Chocolate era muito estudioso e era preocupado com os hábitos das crianças comerem doces e não escovarem os dentes e, cientista que era, pesquisava uma fórmula de uma pasta de dentes que pudesse proteger as crianças das cáries. Mas, nosso herói precisava de um assistente e, nesse contexto, surgiu um ratinho que queria ser coelho e tingiu seu pelo de marrom, após tomar um bom banho e ficar limpinho e pôs uma tiara com orelha de coelho e quis se juntar à escola Pequeno Passo. Mas as crianças lhe repudiaram por ser um rato e ele rebateu dizendo que era limpinho. O Coelho Chocolate o acolheu e seu nome foi escolhido como Rato Nescau (achocolatado se parece com chocolate…) e os dois passaram a fazer as pesquisas, até que, certa vez viajaram até a Amazônia em busca de uma determinada espécie de orquídea, de cujas raízes, pudessem ser feitas uma pasta de dentes que protegesse as crianças das cáries. Todo o contexto criado, precisamos de um vilão que chamaremos de Rato do Fubá, um rato fedido, sujo e invejoso que queria tomar a fórmula da pasta de orquídeas para impedir que as crianças tivessem uma boa higiene dentária e que pudessem disseminar um determinado vírus, o fubavírus, que deixava as crianças com um hálito terrível e determinava a queda de seus dentes.

Assim, todo domingo à noite, minhas meninas esperam ansiosas por um novo episódio que, simplesmente, é criado na hora, com novos personagens que surgem à medida que se fazem necessários.

De uma forma intuitiva, mesmo que na época eu não tivesse estudado o sono, criamos um ritual de sono que ajudou minhas filhas a pegarem no sono naturalmente, pois, após contada a história, tenho a plena certeza que em suas cabecinhas a imaginação ficava pululando até que embalassem num sono reparador e tranquilo.

Emerson Malta Vilanova – Médico, cirurgião geral, com Pós Graduação em Sono pelo Instituto Israelita Albert Einstein – CRM 17450-PR