Quando criança, sempre fui peralta e vez por outra estava fazendo algo que meus pais consideravam errado, principalmente minha mãe, e a correção poderia ser verbal ou com umas varadas de goiabeira ou de amoreira, que são bem flexíveis, mas ardem muito ao bater em nossas pernas. Os gritos vinham de imediato e depois o choro, não de dor, mas de raiva em não poder responder ou se revoltar. O respeito para com os pais sempre nos foi recomendado e assim procedemos, digo nós pois éramos eu e a Nãna, estávamos sempre juntos e solidários, chorávamos, enxugávamos as lágrimas na manga ou na beirada da camisa, e logo estávamos prontos para comer, brincar, cantar, nunca fui revoltado, nunca fiquei magoado e jamais pensei em vingança contra alguém, que às vezes era o motivo dos meus erros.
Lembro-me de uma canção: “Homem não Chora”, de composição do Frejat, sucesso do Barão Vermelho, mas isto é só canção, pois várias vezes me vi chorando e as emoções são os motivos mais frequentes. Já perdi entes queridos e através dos estudos e das convicções espirituais sinto-me confortado e entendo a passagem e o retorno ao plano espiritual, quase não choro lamentações e tristeza, a saudade me envolve, mas procuro lembrar dos momentos alegres.
Os espetáculos musicais, as competições de canto PROVOCAM tanta emoção que raramente não choro junto com os competidores. Esta semana ouvi a triste notícia da morte do artista Sidney Poitier, nascido prematuramente em Miami, no estado americano da Flórida, em 20 de fevereiro de 1927. Me fez relembrar dois filmes famosos: “Adivinhe quem vem para o jantar” e “Ao mestre com carinho”. Fui assistir “Ao mestre com carinho” com a Sonia e deixei-me envolver pela história contada no filme pois na época era só professor e vivia situações bem parecidas nos colégios onde lecionava no Rio de Janeiro e eram vários de níveis bem diferentes. No meio do filme a Sonia percebeu que eu não parava de chorar, conforme as cenas iam se desenrolando, talvez me visse na pessoa do professor que sempre defendia os alunos, nem sempre era compreendido e no final os alunos se recuperaram e a coordenação da escola, prestou-lhe uma homenagem como reconhecimento do esforço e empenho que foi desenvolvido.
Outro momento de emoção vivido por mim num show com a banda ao vivo de Elvis Presley e a sua imagem holográfica no Ginásio do Anhembi em São Paulo, onde muitas lembranças do KCO vieram à mente e a presença virtual do artista nos trouxe muitas boas lembranças.
O mesmo ocorreu com uma gravação com Nat King Cole e sua filha Natali, realizada alguns anos após sua morte, algo emocionante, chorar não significa fraqueza, raiva ou mágoa, mas emoção, as tristezas eu as transformo em momentos alegres e canto e rio, pois são os melhores remédios.
Dr José de Jesus Lopes Viegas
CRM-PR 5279
Presidente Associação Médica de Cascavel