Opinião

Coluna AMC: Edo Peixoto

Coluna AMC: Edo Peixoto

Coluna AMC: Edo Peixoto

 

 

A Sua descendência alemã Dihel que caracterizou a retidão, a ética e a portuguesa Peixoto, o altruísmo, o espírito desbravador, o carinho e a amizade marcaram sua trajetória em terras paranaenses.

Ao unir-se com a família italiana Pagnoncelli de sua esposa, foi o momento que se integrou totalmente em Cascavel.

Inicialmente num Hospital de Madeira onde o frio não entrava pois lá dentro existia o calor humano. Com o desenvolvimento da cidade e o apoio de amigos e empresários, transformaram o hospital num grande nosocômio para atender Cascavel e região. Trazido de Porto Alegre seu companheiro Dr. Ramão Vaucher muito contribuiu para sua ascensão.

Muitas histórias poderiam ser contadas nas suas andanças pelo interior, nos esfaqueados e traumatizados por ele atendidos, e como a cidade não tinha luz elétrica depois das 22 horas, foi obrigado a comprar um gerador para poder atender dia e noite, sem depender da Cia de Energia Elétrica local.

Com o Hospital sempre aberto; assim como seu coração, não recusava pacientes, mesmo aqueles que não tinha recursos eram atendidos, e os médicos que aqui chegavam eram recebidos como verdadeiros companheiros de jornada, e até dinheiro emprestado conseguia para que os colegas sobrevivessem nos primeiros momentos.

Gostava de contar histórias, e nos fins de semana na Sauna do Country, armava arapucas para os mais incautos, que eram motivos de boas gargalhadas que as vezes terminavam num churrasco com as deliciosas linguiças preparadas pelo Ramão.

Durante algumas vezes vi a Dona Imelda colocando lâminas de bisturi e agulhas dentro de pirâmides de vidro ou Cristal para afiarem pelo magnetismo suas lâminas, era como ela acreditava, até hoje não sei se funcionava.

Dedicou-se a agricultura e com o lucro de suas fazendas, continuava investindo na melhoria do Hospital.

Quando cheguei em Cascavel, em meu primeiro dia, conversando com o Senhor Willy o gerente do Lord Hotel vi umas fotografias que me entusiasmaram a ficar em Cascavel, eram fotos de suas fazendas, mas ficou só no meu entusiasmo pois, nunca me envolvi com agricultura.

Foi o primeiro presidente da Associação Médica de Cascavel que junto com Nadim Jabur, Antonio Wilsom Romero, Charles Uscocovichi, Álvaro Rabelo, Renato Loures Bueno, já falecidos e um único para contar a história Sérgio Bichat, foi escolhido para ser o presidente e apaziguar as divergências entre os profissionais de várias clínicas e hospitais que já existiam na década de 70.

Logo após me instalar como ginecologista fui procurado para consultar a nora do Doutor Edo, que vindo da África do Sul conhecia o Nuvaring  ( um anel vaginal anticoncepcional) que ela já conhecia, e eu vindo do Rio de Janeiro trouxe na bagagem, foi o primeiro e o último anticoncepcional deste tipo solicitado por minhas pacientes que como não conheciam não acreditavam em sua eficácia.

O Doutor Edo Peixoto foi homenageado quando a Associação Médica completou 50 anos e nos deixou uma reflexão que traduzia o seu modus viventis: “Um hospital está sempre funcionando, recebendo pacientes, dando alta. Nunca fecha, dia após dia. Com má administração, acaba. Negócio tem negócios e mais negócios. Mas se você não administrar bem, até uma mina de ouro vai à falência.”

 

 

Dr José de Jesus Lopes Viegas

Presidente AMC 2020/2023.