A origem da palavra amizade, que vem do latim amicus, possivelmente derivou de amore, amar, e representa uma relação de afeto entre duas pessoas. Ela envolve o conhecimento mútuo e a afeição, incluindo lealdade e altruísmo. A amizade pode surgir por acaso. Como os homens são filhos de sua circunstância, de seu tempo, alguns valores, atitudes e comportamentos relacionados com a amizade podem variar de acordo com a sociedade ou com o momento específico da história.
Depois do amor, a amizade é um dos temas mais ressaltados por nossos artistas. Milton Nascimento, em sua “Canção da América”, diz que amigo é coisa rara e preciosa, para se guardar debaixo de sete chaves, dentro do coração. Bons momentos compartilhados determinarão lembranças emotivas, e o que importa é ouvir a voz que vem do coração. E completa: “amigo é coisa para se guardar no lado esquerdo do peito, mesmo que o tempo e a distância digam ‘não’, e seja o que vier, venha o que vier, qualquer dia alguém volta para se encontrar” com outra pessoa, seja amigo ou amiga.
Roberto e Erasmo Carlos são amigos de fé e irmãos camaradas, e dão a receita da amizade de décadas: participar de jornadas comuns, ter cabeça de homem, mas o coração de menino, e ficar ao lado em qualquer caminhada ou circunstância. Boas recordações e atitudes de guerreiro, mantendo o coração sempre de portas abertas, sem nunca cair na incerteza. E também: “nos momentos difíceis da vida, em que precisamos de alguém para ajudar na saída, com a palavra de força, de fé e de carinho, um amigo dá a certeza de que não se está sozinho”.
Oswaldo Montenegro propõe que façamos uma lista de grandes amigos, “quem você mais via há dez anos atrás, quantos você ainda vê todo dia, quantos você já não encontra mais?… Faça uma lista dos sonhos que tinha, quantos você desistiu de sonhar, quantos amores jurados pra sempre, quantos você conseguiu preservar?!… Quantos amigos você jogou fora?… Quantas pessoas que você amava, hoje, acredita que amam você?…”
Para Francis Bacon, não há solidão mais triste do que a do homem sem amizades. A falta de amigos faz com que o mundo pareça um deserto. A dica para começar a fazer amizades: aprender a ouvir. Exercite essa arte. Aos poucos, os amigos começam a aparecer. A conhecida expressão: “Para conhecermos os amigos é necessário passar pelo sucesso e pela desgraça. No sucesso, verificamos a quantidade e, na desgraça, a qualidade”, é de Confúcio, que também recomendava a importância de se evitar censuras entre amigos, pois elas afastam a amizade. Também é dele: “o silêncio é um amigo que nunca trai…”.
Para Sêneca, não interessava a quantidade, mas sim a qualidade dos amigos. E ele destacava a necessidade de sermos, primeiramente, amigos de nós mesmos: “Pergunta-me qual foi o meu progresso? Comecei a ser amigo de mim mesmo”. Sócrates era mais cuidadoso. Sugeria que, antes de se tomar alguém como amigo, devia-se observar como ele tratava os seus já amigos: “Não tomes como amigo um homem de quem não saibas primeiro como conservou a amizade com outros; porque deves esperar que procederá contigo tal como procedeu com os demais”.
Desde a época dos antigos filósofos gregos, destacava-se a importância da amizade. Em caso de perda dela, sugeria-se a reconciliação e o perdão. Para Carl Rogers, a amizade “é a aceitação de cada um como realmente ele é”. E isso é difícil… “Às vezes construímos sonhos em cima das grandes pessoas… O tempo passa e descobrimos que grandes mesmo eram os sonhos, e as pessoas pequenas demais para torná-los reais”, disse Bob Marley.
Dr. Márcio Couto – Cardiologista e Diretor da AMC / CRM – PR 14933.