Opinião

A misteriosa sacralidade da sexualidade 

A misteriosa sacralidade da sexualidade 

 

“Nada protegemos com pudor mais profundo do que o lugar onde o homem e a mulher se encontram amorosamente e onde mostram e confiam mutuamente o que possuem de mais íntimo” (Bert Hellinger)

 

Por que nada em nossa vida protegemos com pudor mais profundo do que o encontro sexual? Na sábia reflexão de Bert Hellinger expressa na citação acima, porque em nenhum outro lugar nos mostramos tão despidos, nem revelamos de forma tão desprotegida a nossa vulnerabilidade.

 

Na experiência da sexualidade acontece a forma mais profunda da intimidade. É onde cada um dos parceiros se expõe ao outro em nível máximo. Na intimidade do encontro sexual acontece a forma mais completa da entrega. Mostramos-nos por inteiro à outra pessoa, não apenas pelo corpo despido, mas, sobretudo, nas nossas fragilidades. Em nenhum outro contato humano estamos tão expostos, revelamos nossos segredos mais íntimos de forma mais plena. Em uma palavra: somos vulneráveis.

 

Isso explica o efeito devastador sobre a relação de casal quando alguém revela a intimidade vivida no encontro sexual. É uma quebra de confiança muitas vezes irreparável. É uma infidelidade, uma traição em relação ao parceiro.

 

Pelo fato de, na experiência da sexualidade, estarmos na mais completa vulnerabilidade, fofocar os detalhes íntimos da vida sexual é um abuso, uma violação grave. A gravidade e o impacto dessa violação são semelhantes ao abuso sexual praticado em uma criança vulnerável e indefesa!

 

Quando fofocamos nossa intimidade destruímos a misteriosa sacralidade que envolve a sexualidade e a tornamos algo de domínio público. Toda beleza que cerca esta experiência se perde com isso. Quando expomos nossa sexualidade ao público ela se torna algo banal, disponível a qualquer um. Os vídeos e fotos da intimidade de casais que circulam pela internet são expressões claras dessa banalização da vida sexual, de sua disponibilização pública.

 

Quando tornamos públicos os detalhes íntimos vividos na experiência de vulnerabilidade do encontro sexual com ex-parceiros, algo se destrói dentro de nós mesmos. A mesma experiência que cria o vínculo mais profundo na relação do casal é também aquela que pode cavar o abismo intransponível entre eles!

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JOSÉ LUIZ AMES E ROSANA MARCELINO são consteladores familiares e terapeutas sistêmicos e conduzem a Amparar

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