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Rei do Futebol, Pelé deixa legado eterno

Pelé, Fotografia de um dos gols marcados pelo Brasil na vitória sobre a Argentina em jogo válido pela Copa Roca de 1957. Arquivo Nacional. Fundo Correio da Manhã.
Pelé, Fotografia de um dos gols marcados pelo Brasil na vitória sobre a Argentina em jogo válido pela Copa Roca de 1957. Arquivo Nacional. Fundo Correio da Manhã.

São Paulo – Edson Arantes do Nascimento, que ficou mundialmente conhecido como Pelé, faleceu, ontem (29), aos 82 anos, no Hospital Albert Einstein, na zona sul de São Paulo. De acordo com boletim médico divulgado pelo hospital, a morte ocorreu em decorrência de falência múltipla de órgãos.

“O Hospital Israelita Albert Einstein confirma com pesar o falecimento de Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, no dia de hoje, 29 de dezembro de 2022, às 15h27, em decorrência da falência de múltiplos órgãos, resultado da progressão do câncer de cólon associado à sua condição clínica prévia”, diz o texto divulgado. Pelé estava internado no hospital desde 29 de novembro.

Kely Nascimento, filha de Pelé, postou nas redes sociais uma mensagem de despedida. “Tudo que nós somos é graças a você. Te amamos infinitamente. Descanse em paz”. O Santos Futebol Clube publicou uma imagem de uma coroa com o dizer “eterno”.

Com a amarelinha, Pelé conquistou três copas do mundo (1958, 1962, 1970), sendo o único jogador a conseguir este feito. O Rei também é o maior artilheiro da história do futebol, com 1.281 gols marcados.

O velório de Pelé tem previsão de acontecer durante um dia e meio a partir de segunda-feira (2), no gramado no Estádio da Vila Belmiro, com sepultamento programado no Cemitério Memorial, em Santos, em posição voltada ao estádio.

HOMENAGENS

A notícia sobre a morte de Pelé se espalhou rapidamente pelo mundo. Diversos jogadores e amigos do Rei usaram as redes sociais para lamentar a morte do ex-jogador do Santos e da Seleção Brasileira.

Cristiano Ronaldo postou uma foto com Pelé e escreveu “Um mero ‘adeus’ ao eterno Rei Pelé nunca será suficiente para expressar a dor que abraça neste momento todo o mundo do futebol. Uma inspiração para tantos milhões, uma referência do ontem, de hoje, de sempre. Jamais será esquecido e a sua memória perdurará para sempre em cada um de nós, amantes de futebol. Descansa em paz, Rei Pelé”.

O craque Neymar também se manifestou publicamente. “Eu diria que antes de Pelé, o futebol era apenas um esporte. Pelé mudou tudo. Transformou o futebol em arte, em entretenimento. Deu voz aos pobres, aos negros e principalmente: Deu visibilidade ao Brasil. O futebol e o Brasil elevaram seu status graças ao Rei! Ele se foi, mas a sua magia permanecerá. Pelé é ETERNO!!”, escreveu.

Pelé mudou os rumos do futebol no Brasil

O futebol brasileiro tem vários personagens. Porém, nenhum deles teve o protagonismo de Edson Arantes do Nascimento. A importância de Pelé é tamanha que é possível falar que, a partir dele, o mundo mudou a forma de ver os jogadores e a seleção do Brasil. A trajetória daquele que viria a ser conhecido como o Rei do Futebol começou de forma muito comum. Nascido em 23 de outubro de 1940, na cidade mineira de Três Corações, Pelé veio de uma família pobre, que trabalhava duro para educar os filhos.

Ainda na infância, um fato pareceu definir sua relação com o futebol. Ao ver seu pai, o ex-jogador José Ramos do Nascimento, o Dondinho, chorar após a derrota da seleção brasileira na final da Copa do Mundo de 1950, o pequeno Edson prometeu que conquistaria o primeiro Mundial do país.

Antes de cumprir esta promessa, Pelé daria os primeiros passos no esporte na cidade paulista de Bauru, para onde sua família se mudou durante sua infância. Lá, defendeu várias equipes amadoras de futebol de campo e salão, até que, ao completar 15 anos, foi levado para fazer um teste no Santos. Aprovado, foi contratado em junho de 1956 e começou a defender a equipe da Vila Belmiro.

No Santos, desandou a marcar gols, o que lhe garantiu a primeira convocação para a seleção brasileira em 1957 para participar da Copa Roca, competição na qual fez seu primeiro tento e iniciou uma caminhada de conquistas.

Rei desde jovem

A qualidade de Pelé era tamanha que a ideia de que ele era o rei do futebol surgiu antes mesmo da conquista de um título de expressão pela seleção. Jovem ainda, aos 17 anos, meses antes da disputa da Copa de 1958, o dramaturgo Nelson Rodrigues se referiu ao jogador em uma crônica sobre o jogo entre América e Santos.

“O que nós chamamos de realeza é, acima de tudo, um estado de alma. E Pelé leva sobre os demais jogadores uma vantagem considerável: – a de se sentir rei, da cabeça aos pés. Quando ele apanha a bola e dribla um adversário, é como quem enxota, quem escorraça um plebeu ignaro e piolhento.”

A coroação definitiva veio com a conquista dos títulos das Copas do Mundo. “Em 1957, o futebol brasileiro estava por baixo, com a derrota para a seleção uruguaia em 1950, a apenas regular participação na Copa de 1954, os resultados fracos durante uma excursão à Europa em 1956 e o fraco desempenho no Campeonato Sul-Americano de 1957. E surge Pelé, com 17 anos”, relembra o pesquisador Rodrigo Saturnino.

Foto: Arquivo Nacional/ Correio da Manhã

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Líderes internacionais prestam homenagens

Rio de Janeiro – A morte do Rei do futebol repercutiu nas redes sociais de líderes de vários países que também prestaram homenagem ao jogador brasileiro. Entre eles estão adversários históricos do Brasil no futebol, como Argentina, França e Itália. Edson. O presidente da França, Emmanuel Macron, publicou uma foto de Pelé acompanhada das palavras: “O jogo. O rei. A eternidade”. França e Brasil disputaram a final da Copa de 1998, quando os franceses levaram a melhor.

O presidente argentino, Alberto Fernández, classificou Pelé como “um dos melhores jogadores de futebol da história”. Os argentinos reivindicam que Diego Maradona ocupa o posto de maior craque de todos os tempos. “Lembramos sempre aqueles anos em que Pelé encantou o mundo com suas habilidades. Um grande abraço a sua família e ao povo do Brasil”, disse Fernandez.

Chefe de Estado da Itália, país adversário da equipe de Pelé na final da Copa de 1970, a primeira-ministra Giorgia Meloni disse que o craque brasileiro conseguiu deixar a sua marca mesmo nas gerações que não tiveram a sorte de vê-lo jogar. “Hoje o mundo inteiro chora uma lenda chamada Pelé”, escreveu nas redes sociais.