Esportes

O Cascavel Futsal acabou?

Presidente da equipe, Jefferson Zini, responde dúvidas sobre o futuro do time

De melhor equipe do Paraná com uma campanha histórica na Liga Nacional a eliminado em menos de 15 dias de duas das três competições que disputa na temporada, tendo trocado de ginásio e cidade durante o ano, depois de ter mudado o escudo e abolido dele as estrelas de pentacampeão paranaense. Esse é o Cascavel Futsal, que há um mês passou a mandar seus jogos em Santa Tereza do Oeste, o que levantou a questão nos torcedores: o time vai acabar por aqui e trocar de cidade? A resposta quem dá é o presidente da equipe, Jefferson Zini, que além desses trata de outros assuntos na entrevista que você acompanha a seguir:

Em sua visão, como está sendo a temporada da equipe?

Depois de toda reestruturação, o resultado veio antes do esperado, então é normal a frustração [após as eliminações na Liga Nacional e na Série Ouro num intervalo de menos de 15 dias], porque se criou uma expectativa grande, diante da posição que alcançamos na Liga e do crescimento que o time apresentou durante o ano. Mas estou satisfeito, já estamos avaliando medidas a serem tomadas para 2020, colocando no papel pontos positivos e negativos.

Que pontos seriam esses?

Foi positivo, por exemplo, termos terminado a primeira fase da Liga Nacional quinto lugar, e foi negativo a falta de experiência e perder jogadores meio da temporada. Isso, aliás, foi fundamental. Em 15 de janeiro começamos o trabalho com planejamento para o ano e até 2020. É difícil prever a saída de jogadores, pois lidamos com seres humanos, que às vezes não tem palavra, além de trabalharmos com esporte amador, que não pode fazer contrato profissional, mas é o que temos. Hoje o acordo é mais verbal, existe contrato, mas não tem grande valia. Nós honramos com nossos compromissos. E aí entra no ponto positivo, pois saíram quatro atletas fundamentais. Se estivéssemos em 18º sairiam jogadores? Mas temos que entender que é difícil segurar atletas que estão ganhando cinco mil reais aqui e surge a proposta para sair para ganhar cinco mil dólares. O que já estamos vendo com o departamento jurídico é uma maneira de fazer um contrato diferente, com direito de imagem, talvez.

A saída de jogadores foi o fator principal para as eliminações?

Foi, e também termos perdido o jogo para o Jaraguá [pela volta das oitavas de final da Liga Nacional]. Isso nos desestruturou, pois jogamos muito bem. Quero que alguém fale que não merecíamos a vitória. Realmente a bola não entrou naquele jogo, os jogadores lutaram até o final. E consequentemente a eliminação afetou o psicológico dos atletas e eles não conseguiram manter na Série Ouro.

E a saída do Ginásio da Neva?

Tiram-nos a Neva e fomos para a Coopavel, onde não deu média de 50 pessoas por jogo, em nove partidas realizadas lá. No meio do caminho tivemos que mudar toda estrutura do time. Nós não queríamos isso, sair do Centro para ir a um lugar afastado da cidade. A logística foi ruim, os apartamentos dos jogadores são em volta da Neva. As pessoas só enxergam o evento. Mas ainda bem que Santa Tereza do Oeste nos acolheu de braços abertos e conseguimos reverter e ter público, mas nós não queríamos isso. Em Santa Tereza, em dois jogos tivemos mil pessoas nas arquibancadas.

O Cascavel Futsal pode se mudar em definitivo para lá?

Se não tiver contrapartida da cidade de Cascavel, realmente vamos ter que tomar outras medidas. Sabemos que existe torcida, que participa dos jogos e que nunca vamos agradar a todos, mas me surpreendi com acolhimento de Santa Tereza. Mas essa história de mudar para lá é mito, não é isso que queremos, nasci aqui, meus filhos são nascidos aqui e tenho minhas empresas aqui, não é isso que eu quero. O que precisamos é conversar com a Secretaria de Esportes, porque tenho interesse em acertar alguns pontos, mas o Cascavel Futsal não depende deles, e se precisar mudar, vamos, sim, como a Intelli fez, como outros exemplos de empresa e clubes grandes fizeram.

O torcedor desconfia disso, pois houve mudanças recentes que desagradaram e foram vistas como autoritárias, como a do escudo, por exemplo…

A mudança de escudo se deu num momento de reestruturação. Muitos viveram do Cascavel Futsal durante 20 poucos anos e achavam que o time era deles. E realmente a Adecca [Associação Desportiva e Cultural de Cascavel, mantenedora do time] não tem nenhum título. A Adecca tem três anos, então não tem porque ter estrela no escudo. O que existe é que tínhamos um CNPJ que foi caçado pelo Ministério Público porque não prestava contas. Ainda falam ‘pentacampeão’, mas jogava contra quem? Hoje temos seis times que jogam a Liga Nacional no topo, e nosso investimento perto deles não dá 50%. Faz seis anos que o Cascavel não ganha nada, e nosso trabalho não é para um ano. Iniciamos a temporada com 20 atletas, sendo 16 novos, que nunca jogaram juntos, e chegamos à quinta posição na Liga Nacional, saíram jogadores e ainda assim deveremos terminar por volta da nona posição na classificação final. Nos últimos anos o Cascavel vinha ‘se agarrando nas pernas’. Estamos contentes, mas não parados, não é em um ano que vamos fazer diferença, é planejamento. Também não é jogar a história fora, é ser consciente do que é, e o Cascavel Futsal tem, sim, organização. Temos planejando para quatro anos. Temos problemas, sim, porque em todo projeto ocorrem mudanças no planejamento.

E o que está sendo planejado para 2020?

Provavelmente só iremos jogar a Liga ano que vem. Não sabemos ainda, mas é a única que pode nos premiar com alguma coisa. Se a Prefeitura nos aceitar, iremos jogar na Neva. Sobre o trabalho, não podemos jogar fora o que foi feito. O [técnico] Cassiano Klein tem metas, principalmente para o segundo ano, ele está preocupado com isso também. Não posso jogar por água abaixo todo o trabalho que foi feito porque perdemos dois jogos. Não houve problema extraquadra, não houve salário atrasado, o que houve, sim, foi um déficit de R$ 400 mil. Contávamos com R$ 250 mil da Itaipu, pela CIBiogás, e R$ 150 mil da Prefeitura, pelo chamamento público, que não vieram. Mas não é sinal de desespero, e sim de mudanças, e eu prefiro fazê-las enquanto o negócio está dando certo e o trabalho sendo feito ao invés de fazê-las quando o trabalho não está indo bem. Temos aqui pessoas apaixonas pelo futsal, e eu preciso comemorar um título nesses dois anos que me restam como presidente.