BUENOS AIRES A derrota na final da Copa América para o Chile perdeu toda a importância ontem para os argentinos diante de um drama muito maior: a decisão de Lionel Messi de renunciar à seleção nacional.
A revelação feita ao sair do estádio de Nova Jersey, no domingo, provocou comoção na Argentina e desencadeou uma ?operação clamor?, para tentar convencer Messi a mudar de ideia.
As mensagens se multiplicaram nas redes sociais, e a pressão contou com a colaboração de outras celebridades do esporte local, entre elas a tenista Gabriela Sabatini, que resumiu o sentimento: ?Como dói sua dor! Messi, você é o maior de todos e um orgulho para mim #messiparasempre?.
Durante todo o dia de ontem, o clamor pela permanência de Messi dominou canais de TV e rádios. Os principais jornais deram mais destaque à renúncia do jogador do que ao resultado da final, a terceira derrota consecutiva com ele. ?Não vá?, estampou o jornal esportivo ?Olé?.
? É incrível, mas não dá. Não passamos outra vez nos pênaltis. É a terceira final seguida. É difícil, o momento é duro para qualquer análise. No vestiário pensei que acabou para mim a seleção, não é para mim ? declarou o craque do Barcelona, de 29 anos.
Mascherano e Higuaín
Messi assegurou que sua saída é ?para o bem de todos. Por mim e por todos?. A relação com a AFA, federação argentina, foi um dos motivos, e pode fazer com que outros jogadores não usem mais a camisa da seleção, como deixou no ar o atacante Kun Agüero, grande amigo de Messi. Nomes como Mascherano e Higuaín estariam em uma lista de demissionários.
A avaliação de Messi contrastou com as mensagens que milhares de pessoas enviaram ontem ao jogador. Jogadores da seleção que venceu a Copa de 86 no México se uniram à operação clamor por Messi.
? Não aceito sua renúncia ? afirmou José Luis Brown, que prometeu conversar com seus ex-companheiros de seleção.
Mario Kempes, uma das principais figuras da equipe argentina que venceu a Copa de 78, em casa, também concordou em defender a continuidade de Messi.
? Não seria bom que ele saísse agora ? declarou.
O presidente do país, Mauricio Macri, um fanático das redes sociais, fez questão de postar um vídeo sobre seu sofrimento no jogo contra o Chile, mas, também, de elogiar a seleção nacional. ?Um abraço à seleção. A tristeza passa, vocês deram tudo. Obrigada por ternos feito vibrar pelas cores?, escreveu o chefe de Estado, em sua conta no Facebook.
65% pela permanência
O canal de TV ?Todo Notícias?, do grupo Clarín, realizou ontem uma pesquisa com 20 mil pessoas, das quais 65% votaram contra a renúncia de Messi. Essa é a opinião majoritária entre os argentinos, e foi o clima que se viveu ontem no aeroporto internacional de Ezeiza, onde dezenas de torcedores (homens, mulheres e muitas crianças) esperaram o retorno da seleção, basicamente para pedir a Messi que não os abandone.
