A maior e mais complexa infraestrutura científica já construída no País também conta com pesquisas da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Desde ano passado, o professor do Departamento de Química, Jorge Iulek, realiza projetos no Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), responsável pela operação do Sirius, uma das mais avançadas fontes de luz síncrotron do mundo.
O professor, juntamente com alunos de graduação e pós-graduação da UEPG, estuda estruturas de proteínas para desenvolvimento de novas drogas terapêuticas. Jorge é o primeiro professor do Paraná a desenvolver projetos com uso de estações experimentais no Sirius, que opera em Campinas, São Paulo.
O LNLS faz parte do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), que abriga instalações multiusuários, abertas à comunidade científica brasileira e internacional, e fornece um sofisticado instrumental científico para realização de pesquisas acadêmicas e industriais a cada ano.
O professor realiza parte de seus projetos na Linha de Luz Manacá do Sirius, que é dedicada à cristalografia de macromoléculas para o estudo de estruturas tridimensionais. “Já estivemos em julho e no início de novembro fazendo uso dessa linha. Diante de toda a dificuldade que temos para o desenvolvimento da ciência no Brasil, o laboratório é quase um oásis para os cientistas do País”, destaca.
A linha de luz Manacá, a qual o professor utiliza, é dedicada à cristalografia de arranjos complexos, como vírus, proteínas de membrana e complexos de proteínas e ligantes. Jorge iniciou a pesquisa sobre essas estruturas de proteínas no ano passado, vinculando os estudos ao Programa de Pós-Graduação em Química da UEPG. “Nós trabalhamos sobretudo com doenças infecciosas. Conhecendo a estrutura tridimensional delas, a gente tem condições de planejar de maneira racional quais são as substâncias que podem interagir com a molécula do causador da doença”, explica.
Jorge adiciona que sua pesquisa sobre proteínas existe há algum tempo, mas o novo projeto foca em estudar proteínas para o desenho racional de inibidores terapêuticos.
“Normalmente focamos nossos esforços em pesquisar doenças infecciosas negligenciadas, que afligem países de baixa renda e que não chamam tanto atenção de grandes laboratórios farmacêuticos. Estamos buscando fortalecer essa linha de pesquisa aqui na UEPG”, enfatiza. Para o docente, é um grande suporte ter à disposição um equipamento tão sofisticado como o Sirius. “Nós conseguimos obter dados de difração de Raio X a muito melhores resoluções. Corresponderia à gente conseguir ampliar de uma forma muito maior a estrutura da proteína e mais detalhes estruturais”.
O professor e os alunos da UEPG que auxiliam na pesquisa ainda seguem no estudo de proteínas para o desenvolvimento de mais drogas terapêuticas. “Assim que evoluírem as instalações da linha Manacá, a gente pretende fazer busca por novos fragmentos afinizados com as estruturas, para mapear os sítios de interação da proteína”, completa.
LUZ – A luz síncrotron é um tipo de radiação eletromagnética extremamente brilhante que se estende por um amplo espectro. Ela é composta por diversos tipos de luz, desde o infravermelho, passando pela luz visível e pela radiação ultravioleta, até aos raios X. Fontes de luz síncrotron são equipamentos científicos de grande porte, que produzem radiação eletromagnética de forma controlada. Esta radiação é usada para a investigação da composição e estrutura da matéria em suas mais variadas formas, com aplicações em praticamente todas as áreas do conhecimento.
Criado em 1984, o LNLS foi responsável pela construção e operação da primeira fonte de luz síncrotron do Hemisfério Sul. O Sirius é uma fonte de Luz Síncrotron de última geração, com capacidades de fornecer informações estruturais ainda mais sofisticadas.
AEN