O projeto Open Box da Ciência mergulhou em bases de dados oficiais para identificar as mulheres cientistas com contribuições importantes para a pesquisa em cinco áreas do conhecimento. O levantamento sobre mulheres na ciência foi lançado esta semana em São Paulo. No mesmo evento também ocorreu o lançamento da Agência Bori, plataforma que vai fornecer a jornalistas dados sobre estudos inéditos de pesquisadores brasileiros.
O Open Box da Ciência foi uma iniciativa da Gênero e Número – organização de mídia no Brasil orientada por dados para qualificar o debate sobre equidade de gênero -, que mapeou 250 pesquisadoras mais influentes das áreas de ciências sociais aplicadas, ciências exatas e da terra, engenharias, ciências biológicas e ciências da saúde.
As pesquisas e os perfis das pesquisadoras estão reunidos em uma plataforma digital, de conteúdo aberto e interativo, com visualizações de dados e reportagens que narram suas trajetórias a partir de um recorte de gênero, indicando referências femininas para chegar a esse lugar de destaque e revelando desafios vencidos.
Para chegar ao grupo, foi aplicada uma metodologia de extração e análise de dados da plataforma Lattes. Usando critérios da Capes para conceder bolsas de apoio à pesquisa, um algoritmo foi desenvolvido para listar todas as pesquisadoras com doutorado.
“Além da plataforma digital, que tem o objetivo de dar visibilidade a um grande grupo de mulheres cientistas, organizamos uma base com cada nome que consta no Lattes com doutorado”, explica a coordenadora do projeto e diretora da Gênero e Número, Giulliana Bianconi.
Segundo Giulliana, o projeto foi criado para ser um espaço de visibilidade para as mulheres que contribuem para a ciência brasileira. “Para a gente chegar a um resultado usamos vários critérios, também utilizados pela Capes [Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior], vinculado ao Ministério da Educação, e identificamos quais eram as mulheres que tinham a maior produção e divulgação científica”.
Entre os critérios utilizados estão artigos escritos – como primeiro ou segundo autor -, número de premiações, organização e participação em eventos, congressos, exposições e feiras e separou as 50 pesquisadoras mais relevantes em cada área. Giulliana destaca ainda que a iniciativa ajuda a debater também sobre questões raciais. “O resultado mostrou que tem pouca diversidade na ciência com relação à raça, [que é] um fator interessante”.
Divulgar a ciência
A Agência Bori visa aumentar a visibilidade da ciência brasileira como um todo. Em média, 230 novos artigos científicos são publicados por dia, mas muitos não chegam ao público por falta de divulgação eficiente. “A divulgação faz parte da atividade científica. A comunicação com a sociedade é uma etapa fundamental depois do resultado científico”, Ana Paula Morales, uma das coordenadoras da Bori.
A Bori busca estudos inéditos em bases de periódicos acadêmicos; em seguida, faz a curadoria dos trabalhos e os oferece para a imprensa. Em uma área restrita da plataforma, jornalistas cadastrados gratuitamente acessam as pesquisas, acompanhadas de texto explicativo, imagens e do contato de um porta-voz. “O conhecimento produzido pelos pesquisadores do País não se restringe às editorias de ciência dos veículos de comunicação. Há ciência em economia, política, agro, educação e até na editoria de esportes”, diz a idealizadora da Bori, Sabine Righetti.
O serviço, diz Sabine, tem como objetivo facilitar a cobertura do jornalista e dar visibilidade aos cientistas brasileiros. “Vamos captar a ciência que está produzida nas bases e passar para o jornalista, antes da divulgação científica, para dar alcance à ciência nacional”.
A Bori e o Open Box da Ciência participaram, em 2018, do 1º Camp Serrapilheira, programa de divulgação científica do Instituto Serrapilheira. Os projetos foram selecionados e receberam R$ 100 mil para as iniciativas. O Serrapilheira é uma instituição privada que apoia a ciência no Brasil.