O projeto que levou quatro anos para ser desenvolvido e foi escolhido pelo professor de Química, Ricardo Oliveira, para a conclusão do doutorado, representa muito mais do que uma conquista profissional.
Sempre atento a tudo ao redor de sua área de formação, ele se dedicou a um estudo inédito no Brasil e, sobretudo, sustentável. O esgoto que sai das casas e resulta em lodo, é transformado em um material que gera energia de combustão simples.
Na prática, o professor utilizou o resíduo acumulado na estação de tratamento de esgoto da Sanepar e criou uma espécie de bastão, cuja finalidade é semelhante à da madeira e do carvão.
“Quando ele é queimado, tudo o que há de bactéria vira energia. É uma alternativa sustentável que pode ser utilizada por diversas empresas com caldeiras para a secagem de grãos, por exemplo. Isso gera economia e sustentabilidade”, explica.
Os testes foram feitos no laboratório de Química do IFPR (IFPR (Instituto Federal do Paraná) onde atualmente ele é professor e o resultado foi apresentado para a defesa do doutorado na Unioeste (Universidade Estadual do Oeste do Paraná).
Mesmo após a queima, ficou comprovado que não há nenhum prejuízo ao meio ambiente. Junto aos briquetes, são misturados pó de carvão e a substância que, por enquanto, não é revelada pelo professor. “É um aditivo que aumenta o poder da combustão, mas já comprovamos que os gases liberados não são tóxicos”, detalha Oliveira.
Interesse
O professor revela que diversos empresários já demonstraram interesse no material, que, inclusive segue para etapa final de patente. “Já temos a matéria-prima e a partir de agora esperamos industrializar a ideia”, comemora ele ao citar que os braquetes ainda passarão por outros testes e que poderão ser fabricados de outros tamanhos.
Esse é apenas o primeiro passo do pesquisador, que tem como maior intuito propor uma mudança para as futuras gerações. “Isso é apenas uma sementinha, talvez os resultados sejam vistos daqui a 40 anos, mas isso não é o mais importante pra mim. Espero que a sociedade fique atenta a esse trabalho muito importante”, avalia.
Destino correto
Por mês, cerca de 40 toneladas do lodo, até então, sem utilidade, são acumuladas na estação da Sanepar. “Ele tem como destino somente o aterro sanitário e sabemos que isso inviabiliza espaços para outras finalidades, até mesmo plantações”, destaca.
Inspiração
A dedicação do Químico serve de inspiração e assim como essa pesquisa há possibilidade para que muitas outras sejam criadas. “Temos potencial intelectual para o melhor sistema de reciclagem do mundo. Devemos somente acreditar e não pensar somente em dificuldades como vemos na política. Tudo o que existe é resultado de pesquisa e, por isso, ela deve ser valorizada”, compartilha Oliveira.