Economia

Preço da carne: Alta do boi vai beneficiar avicultura e suinocultura

Pecuaristas esperam fortalecimento da atividade com exportações

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Reportagem: Josimar Bagatoli

Cascavel – Com expectativa de que o preço da carne bovina estabilize no patamar atual, influenciado pelo custo internacional da proteína, os pecuaristas do Paraná esperam que a atividade tenha um fortalecimento, recuperando perdas sofridas nas últimas décadas pela defasagem do valor praticado no mercado interno.

No Estado, há outro fator que vai garantir melhores resultados ao setor: o reconhecimento de área livre de febre aftosa sem a vacinação.

O preço da arroba do boi gordo – o equivalente a 15 quilos de carne – oscila entre US$ 40 e US$ 50. Com o dólar a R$ 4,23, varia de R$ 169 a R$ 211. Para o Ministério da Agricultura e Pecuária, o preço da carne deve se estabilizar nesse patamar. “Passamos por um período muito ruim na pecuária, com um grande frigorífico que monopolizou o setor e manipulava os preços. O pecuarista teve que aprimorar o trabalho, investir em tecnologia, integrar pecuária e lavoura… Muitos desistiram, mas aqueles que aprimoraram o manejo conseguiram se manter e agora terão um ganho devido aos investimentos”, explica o pecuarista Agassiz Linhares.

Nos últimos anos, pecuaristas levaram o gado para o abate no Paraguai devido ao preço mais elevado da arroba no mercado mundial.

Diante da demanda, sobretudo com a área livre de aftosa sem vacinação, mercados do Japão, da Coreia e da União Europeia serão atraídos pelo Brasil. Mas o setor garante: mesmo com aumento na exportação, o produto não vai faltar. A tendência é de que voltem a ser rentáveis as áreas com pastagens e, em dois a três anos, o setor espera aumentar os rebanhos.

Outras opções

O País tem hoje 215 milhões de cabeças de gado. A previsão é de que naturalmente os consumidores migrem para outras proteínas animais, como o frango, que, conforme o Sindiavipar (Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná), terá aumento entre 5% e 7% neste ano na produção.

O presidente do sindicato, Domingos Martins, afirma que, devido ao preço estável da base da alimentação das aves, não há estimativa de aumentos nos supermercados, mesmo que o consumidor tenha sentido um pequeno reflexo causado pela elevação da demanda. “O consumidor pode ficar tranquilo, pois haverá carne de aves e não haverá aumentos… Os preços das commodities estão estáveis, embora tenha ocorrido uma elevação do dólar”.

Enquanto o mercado da avicultura se mantém regular e a pecuária vê os preços nas alturas, a carne suína teve acréscimo dos valores praticados. A peste suína africana na China – maior produtor e maior consumidor mundial dessa proteína – tem aumentado a procura pela carne suína brasileira, que tem um plantel de 36 milhões de suínos. Hoje, metade das exportações vai para a China. O quilo do porco vivo passou de R$ 3,90 para R$ 6, elevação gradativa nos últimos oito meses. “Não é nada que tenha causado grande impacto no mercado interno, pois foi um aumento aos poucos, ao contrário da carne bovina. Os preços dos suínos não irão disparar. Apesar dessa elevação nas exportações, a China possui um limite no mercado internacional para compra de proteínas, o que mantém nosso abastecimento”, explica Jacir Dariva, presidente da Associação Paranaense dos Suinocultores.

A suinocultura também enfrentava momentos difíceis devido à desvalorização do produto. Em três anos, o setor espera recuperar os prejuízos. “Há uma recuperação do prejuízo, não há lucros. Muitos suinocultores estão endividados”, acrescenta Dariva.

Atualização do rebanho é prorrogada

A Campanha de Atualização do Rebanho no Paraná foi prorrogada até o dia 20 de dezembro. A decisão partiu da Adapar (Agência de Defesa Agropecuária do Paraná).

No total, pecuaristas paranaenses das 243,1 mil propriedades rurais cadastradas no Estado precisam fazer o cadastro dos animais pelo site da Agência, em uma unidade física da entidade, em um escritório de atendimento municipal autorizado ou mesmo nos sindicatos rurais autorizados. O trâmite é gratuito.

O procedimento é obrigatório para todos os produtores que tenham animais com interesse econômico no Estado. O prazo para fazer a atualização do rebanho começou no dia 1º de novembro. Porém, a um dia para o fim do prazo da campanha (30 de novembro), apenas 45,2% das propriedades estavam cadastradas.

A medida obrigatória vale para propriedades com animais de produção ou trabalho como bovinos, bufalinos, cabras, ovelhas, suínos, cavalos, jumentos, mulas, galinhas, peixes, até mesmo caixas de abelhas.

A atualização do rebanho faz parte da gama de ações que substituem a vacinação obrigatória de bovinos e bufalinos contra a febre aftosa.

O pecuarista que não cumprir as exigências para a melhoria na sanidade das criações voltadas à produção de proteínas animais no Paraná até 20 de dezembro poderá sofrer punições.

Serviço

A atualização do rebanho pode ser feita no site www.produtor.adapar.pr.gov.br/comprovacaorebanho. Também é possível fazer o procedimento pessoalmente em uma unidade local da Adapar, em um escritório de atendimento municipal autorizado ou em um sindicato rural autorizado.