Brasília – Em meio ao forte déficit na Previdência Social, a dívida bruta brasileira bateu novo recorde em agosto. Dados divulgados nessa segunda-feira (30) pelo Banco Central mostram que ela atingiu R$ 5,62 trilhões no mês passado, o equivalente a 79,8% do PIB (Produto Interno Bruto). Esse é o maior porcentual da série histórica do BC, iniciada em dezembro de 2006.
A Dívida Bruta do Governo Geral – que abrange o governo federal, os governos estaduais e municipais, excluindo o Banco Central e as empresas estatais – é uma das principais referências para avaliação, por parte das agências globais de classificação de risco, da capacidade de solvência do País. Na prática, quanto maior a dívida, maior o risco de calote por parte do Brasil.
No melhor momento da série histórica, em dezembro de 2013, a dívida bruta brasileira chegou a 51,5% do PIB. Desde então, os constantes déficits (resultados negativos) nas contas dos governos têm elevado o endividamento.
Apenas em agosto, o déficit primário do setor público brasileiro foi de R$ 13,45 bilhões. A cifra reflete a diferença entre receitas e despesas, antes mesmo do pagamento dos juros da dívida pública. No mês passado, o governo federal até conseguiu registrar um superávit, de R$ 4,20 bilhões, mas o esforço se perdeu em função do rombo de R$ 20,63 bilhões nas contas da Previdência.
No acumulado de janeiro a agosto deste ano, o déficit primário do setor público soma R$ 21,95 bilhões, sendo que o rombo do INSS no período é de R$ 131,74 bilhões. Com o resultado no vermelho, resta ao Tesouro Nacional emitir títulos públicos para fechar as contas, o que ajudou a elevar a dívida bruta a quase 80% do PIB.
“Já estamos com déficits primários desde 2014 e este será o sexto ano, sendo que, para estabilizar ou reduzir a dívida bruta, seria preciso alcançar superávits primários”, pontuou o chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha.
Os dados do BC mostraram ainda que, em agosto, os gastos do setor público brasileiro com os juros da dívida foram de R$ 50,20 bilhões. De janeiro a agosto, esta despesa já chega a R$ 258,81 bilhões, ou 5,49% do PIB.