Brasília – Em um ano marcado pela cautela das famílias quanto ao futuro, os depósitos de brasileiros na caderneta de poupança superaram os saques em R$ 166,3 bilhões em 2020. Os dados foram divulgados nessa quinta-feira (7) pelo BC (Banco Central). Esse é o maior valor líquido já registrado na série histórica do BC, iniciada em 1995.
O resultado foi fruto de aportes de R$ 3,132 trilhões na poupança no ano passado, menos saques de R$ 2,965 trilhões.C omo a rentabilidade da caderneta somou R$ 23,853 bilhões no período, os brasileiros encerraram 2020 com volume total de R$ 1,036 trilhão na poupança.
Essa procura maior pela caderneta está diretamente ligada aos efeitos da pandemia do novo coronavírus sobre a economia. Preocupadas com a renda futura e com medo do desemprego, muitas famílias reduziram gastos e passaram a aplicar recursos na poupança, o que elevou o saldo. Esse movimento foi o que o próprio BC chamou de “poupança precaucional”.
Além disso, durante a crise, o governo lançou uma série de programas voltados para a manutenção da renda de famílias e empresas – entre eles, o auxílio emergencial de R$ 600 para a população mais carente. Nos últimos meses do ano, o benefício passou para R$ 300. Parte dos beneficiários manteve recursos na poupança.
Um terceiro fator para a alta dos depósitos na poupança em 2020 está ligado à rentabilidade. Com a Selic, a taxa básica de juros, em 2% ao ano – menor nível da história -, surgiu durante a pandemia um movimento de saída de recursos dos fundos de renda fixa. Alguns analistas identificaram a poupança como novo destino de parte do dinheiro, em um movimento que também foi citado pelo BC.
O resultado foi que, após registrar saques líquidos em janeiro e março, a poupança recebeu depósitos líquidos de março a dezembro do ano passado. Somente em dezembro, os aportes líquidos na caderneta somaram R$ 20,6 bilhões. A cifra foi gerada por depósitos de R$ 339,897 bilhões e saques de R$ 319,295 bilhões.