Cascavel – Após o tombo registrado na economia no primeiro semestre devido à pandemia do novo coronavírus, a segunda metade de julho foi marcada pela aceleração na atividade econômica paranaense. Com 98% das empresas ativas, a emissão de notas fiscais no mês cresceu na comparação com junho, maio e abril em todos os segmentos analisados (comércio varejista, comércio atacadista, indústria de alimentos e demais atividades manufatureiras).
Apesar de ainda projetar um dos piores índices da história, o governo reduziu a previsão de queda do PIB (Produto Interno Bruto) do Paraná. Dos -6,3% projetados para este ano, no dia 29 de maio, a revisão trouxe para queda de 5,7%. Os dados poderiam ser mais animadores não fosse a demora no ciclo da pandemia. O pico esperado para junho deve ficar para agosto ou setembro, o que vai alongar a crise e retardar a aceleração da atividade econômica.
De qualquer modo, vários segmentos já operam acima do nível pré-pandemia. A indústria de alimentos, por exemplo, opera em 108,2% do nível pré-pandemia; enquanto a indústria de transformação atingiu 104,5%. No âmbito do comércio, o ramo atacadista registrou um aumento de 11,1 pontos porcentuais, atingindo 90,9% do nível pré-pandemia. O comércio varejista chegou aos 90%.
Destaque para as macrorregiões oeste e norte, onde a indústria de transformação (excluindo-se a de alimentos), apresentaram os melhores resultados do Estado: 123%, em relação ao começo de março.
ICMS
A arrecadação de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), principal tributo do Estado e termômetro da movimentação econômica, apresentou pequena reação em julho. A arrecadação foi de R$ 2,59 bilhões, crescimento de 1,4% em relação ao mesmo mês de 2019.
O número acentua as perdas que, no acumulado do ano, chegam a R$ 1,47 bilhão. No recorte de março a julho, que mostra um panorama mais fiel dos impactos da crise gerada pela covid-19 sobre o Tesouro do Estado, a queda está na casa de R$ 1,72 bilhão.
Numa avaliação setorial, houve alta de arrecadação nos setores da agricultura (31,7%), da indústria (13,8%), do comércio varejista (8,7%), de combustíveis (7,2%) e do comércio atacadista (4,4%). As variações negativas ficaram nos segmentos automotivo (-13,8%), de energia (-12,8%) e bebidas (-1,2%).
Os dados constam no boletim conjuntural elaborado pelas Secretarias da Fazenda e do Planejamento e Projetos Estruturantes para medir os impactos da crise sobre as contas públicas e a sociedade.
Comportamento das vendas
Considerando as vendas no comércio varejista entre janeiro e julho por setores, na comparação com o mesmo período de 2019, registraram altas os segmentos de hipermercados e supermercados (9%), áudio, vídeo e eletrodomésticos (8%), farmácias (7%) e materiais de construção e ferragens (1%).
As quedas foram bem mais consideráveis, principalmente para os segmentos de restaurantes e lanchonetes (-36%), calçados (-35%), vestuário e acessórios (-30%) e veículos novos (-20%).
Os indicadores semanais, comparados com o período pré-pandêmico, mostram que setores de materiais de construção, áudio e vídeo e informática parecem estar sustentando uma recuperação, após as fortes quedas observadas em março e abril. Na última semana de julho, o destaque foi a alta das vendas no segmento de cama, mesa e banho.
Produtos
No recorte de vendas totais por produto (que incluem as negociações de mercadorias entre empresas ao longo da cadeia produtiva e as exportações), os principais destaques de julho foram notebooks (alta de 65%), linha branca (60%) e fibras, fios e tecidos (47%). Os valores são comparativos em relação mesmo período do ao ano passado.
No acumulado do ano, as maiores altas estão no setor alimentício: cereais, farinhas, sementes, chás e café (34%); frutas, verduras e raízes (22%); carnes, peixes e frutos do mar (19%); seguidos de produtos químicos (19%).
Os outros produtos com indicadores positivos são notebooks; laticínios, ovos e mel; televisores; cigarros e charutos; telefone celular; bebidas alcoólicas; linha branca; colchões; pedras, cerâmica e cimento; plásticos; papel e celulose e móveis.
As maiores quedas no ano concentram-se no vestuário (-29%), automóveis (-26%), caminhões e ônibus (-24%), tratores (-16%), motocicletas (-14%) e bebidas não alcoólicas (-6%).
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