Cotidiano

Superoferta mundial derruba preços dos grãos, diz analista

Além de safras recordes, o mercado sinaliza novos aumentos de área e de produção

Cascavel – Os últimos três anos têm sido marcados por safras recordes na América do Sul. E no final de 2014, os Estados Unidos colheram uma supersafra. Foi aí que o mercado sofreu a virada, com a abundância da oferta de soja no mercado.

Na safra de 2015/16, a safra dos EUA apresentou excesso de umidade, mas tá muito longe ainda de ser uma safra ruim, e continua sendo uma safra cheia. E os preços estão em baixa por conta dessa superoferta de grãos internacional.

Esta avaliação foi feita pelo analista de mercados de commodities Flávio França Júnior, que na quinta-feira (30) proferiu a palestra “Tendências de mercado de grãos soja, milho e trigo”, no auditório do Sindicato Rural de Cascavel. O evento foi promovido pelo Sindicato e pela Faep (Federação da Agricultura do Estado do Paraná).

França disse que, não bastasse essas últimas safras recordes, o mercado sinaliza novos aumentos de área e de produção.

“No Brasil, por exemplo, na safra que iremos plantar no final de 2015, será o nono ano seguido de aumento de área”, observou o analista de mercado, para quem, “esse excesso de oferta, embora momentâneo, reflete em preços menores”.

Flávio França observou que o comportamento do clima e do câmbio impactam quase que em igualdade de condições na formação dos preços internacionais do milho e da soja. Para ele, o governo brasileiro pode intervir muito pouco para a prática dos preços dos grãos.

“Em 2015, os três principais grãos, que formam o chamado complexo grão, soja, milho e trigo, estão com os preços baixos no mercado internacional, por conta da sobreoferta mundial. E até o momento, não existe perspectiva de que esta situação se reverta. Precisaria que ocorresse alguma novidade no clima americano, por exemplo, para que os preços internacionais voltassem a subir”, afirmou França.

Alta do dólar

Sobre o câmbio, Flávio França observou que a alta do dólar tem sido decisiva para a alta dos preços dos grãos. Ele lembrou que a situação de mercado estaria bem pior para os produtores se o dólar estivesse no patamar do ano passado, por exemplo, em torno de R$ 2,20.

Sobre o papel do governo, França disse que o poder público pode interferir muito pouco na formação de preço.

“O governo deve disponibilizar de crédito barato, acessível, e de estrutura para escoamento da produção e imposto menor”, afirmou.