Cotidiano

Sem terra levantam acampamento da BR-369 e migram para a região

Integrantes foram influenciadas por líderes do MLST a praticar invasão em outros municípios

Cascavel – O cenário das famílias que vivem às margens da BR-369 entre Cascavel e Corbélia tem mudado nas últimas semanas. Segundo integrantes do MLST (Movimento de Liberação dos Sem Terra), cerca de 60 famílias teriam migrado para áreas rurais em São Pedro do Iguaçu, município vizinho a Toledo.

No local, é fácil notar a diferença principalmente na quantidade de barracos que a área possuía antes. Com menos barracos, os sem-terra deixaram muitos utensílios de cozinha, fogão e vasilhas de plástico.

Alguns integrantes, que preferiram não se identificar, afirmam que as famílias que deixaram as margens foram influenciadas por alguns líderes do Movimento a praticar invasão em outros municípios.

“Chegaram a ir porta por porta perguntando quem teria interesse de deixar Cascavel para ir a São Pedro do Iguaçu. As chances de lá seriam melhores, já que aqui estamos há pouco mais de dez anos aguardando nossa terra. As famílias mais recentes, que vivem migrando de uma região para outra, aceitaram a mudança”, comenta.

O sem-terra Mauro Ferreira conta que ninguém foi obrigado a deixar o local, mudou-se quem sentiu interesse.

“Estamos com 116 famílias em São Pedro do Iguaçu. É uma área que está com R$ 22 milhões em dívidas com a União e avaliada em R$ 8 milhões. Muitas famílias deixaram Cascavel pelo motivo da demora no repasse das terras. Ninguém foi obrigado. As famílias deixaram as margens da BR-369 por livre vontade”, relata o ex-líder cascavelense do MLST, Mauro Ferreira.

Há dez anos morando às margens da rodovia, a sem-terra Lucinda Freitas conta que foi divulgada uma terra para reforma agrária, mas não sabe onde.

“Fizeram algumas reuniões com líderes e chegaram a dizer que uma área teria sido cogitada e até comprada pelo Incra [Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária], mas nada foi confirmado. Por enquanto, estamos aguardando o resultados das reuniões”, critica.

(Com informações de Eliane Alexandrino)