Cotidiano

Sem dinheiro do Fies, universidades arcam com parte das mensalidades

Governo não fornece uma previsão de quando o repasse será normalizado

Cascavel – Ao menos quatro instituições de ensino superior de Cascavel têm de arcar com os próprios recursos para cobrir parte de mensalidades de acadêmicos que caberia ao governo federal por meio do Fies (Fundo de Financiamento Estudantil), programa que financia mensalidades em instituições particulares.

O repasse às faculdades e universidades deveria ser feito mensalmente, mas na Univel, que possui aproximadamente mil acadêmicos incluídos no Fies, por exemplo, o valor recebido do governo é de 20% a 25% do que deveria ser repassado desde o início do ano.

Além disso, segundo o estabelecimento, a administração federal não apresenta uma posição sobre a questão e não fornece uma previsão de quando o repasse será normalizado.

A falta do repasse interfere até mesmo em questões como a negociação do reajuste salarial de professores e no adiamento do oferecimento de novos cursos à população.

“Até o ano passado tudo ocorria normalmente. Seguramos como podemos com o caixa que temos e esperamos que o governo pague as contas”, reforça a instituição.

Já em outra instituição, a informação da assessoria é de que “foi realizado o pagamento de uma parte ínfima no último mês e há uma expectativa de que em 15 dias ocorra uma resposta por parte do governo”.

“Enquanto isso, utilizamos as reservas e não há interferência nas mensalidades dos alunos”, afirma.

De acordo com a assessoria, o motivo apresentado pelo governo para o atraso é um problema que ocorre com a atualização dos contratos, que passaram por mudanças nas taxas desde o mês de dezembro, quando passaram a valer novas regras.

Em uma universidade local a informação colhida pela equipe de reportagem foi que os recursos também foram abaixo do esperado. No entanto, outras informações não foram repassadas à reportagem, uma vez que o estabelecimento estaria, segundo sua assessoria, “avaliando a situação”.

Alunos cobrem diferença

Já em uma faculdade de Cascavel que possuí 15 acadêmicos incluídos no Fies, o primeiro repasse neste ano ocorreu somente em maio. Além disso, a instituição informa que o governo não financia as mensalidades de forma integral, pois cobre somente valores que sofreram reajuste de no máximo 6,4%.

Como o estabelecimento de ensino repassou um aumento maior do que esse índice, a direção explicou a situação aos alunos que concordaram em pagar a diferença não coberta pelo programa.

“Mensalidades que possuem o valor de R$ 420, por exemplo, o governo paga R$ 400. Por ser pequena a diferença, o entendimento dos acadêmicos é que é melhor ter que pagar R$ 20 do que ficar sem estudar. Mas até então, esse tipo de situação nunca havia ocorrido”, relata uma profissional da instituição.

(Com informações de Marcelo Machado)