Cotidiano

Represália: Prefeita manda fechar jornal que a denunciou

Veículo publicou desdobramentos de denúncias do Ministério Público

Campo Mourão – O município de Campo Mourão virou notícia nacional diante de uma atitude tomada no dia anterior pela prefeita da cidade, que determinou o fechamento de um dos mais antigos jornais do Paraná, a Tribuna do Interior, que circula há exatos 47 anos.

“Essa perseguição dela vem de longe. Começou em 2013, quando um vizinho reclamou do barulho da gráfica, que tinha um ponto com cinco débeis acima do permitido para o período das 22h em diante. Isso era causado pelo compressor. Fizemos todas as adequações necessárias e hoje estamos de dez e vinte decibéis abaixo do limite, mas a prefeitura ainda não liberou o alvará”, garantiu o diretor Nery Thomé.

Nery disse ainda que seu jornal, que funciona no mesmo local desde a década de 90, vem publicando os desdobramentos de várias denúncias do Ministério Público sobre irregularidades que estariam ocorrendo na gestão da prefeita Regina Dubay, que virou objeto de noticiário de toda a imprensa paranaense no ano passado por conta do caso que ficou conhecido como “mensalinho” e consistia na devolução de parte dos salários de servidores comissionados para pagar despesas dela com advogados.

Superfaturamento

A relação da Tribuna do Interior com a prefeitura azedou de vez neste mês, quando o jornal noticiou um suposto superfaturamento da ordem de R$ 1 milhão na compra de 1.172 postes de iluminação pública pela administração municipal. A publicação, no entanto, foi baseada em mais uma denúncia do Ministério Público.

“Não estamos inventando absolutamente nada. Está tudo devidamente documentado”, garantiu Nery.

Prefeitura nega

O responsável pelo setor de comunicação da prefeitura deu outra versão para a tentativa de fechar a Tribuna do Interior. Carlos Garcia negou que esteja havendo perseguição ao jornal e se limitou a relatar que a notificação foi dada em atendimento “a várias denúncias recebidas pela Ouvidoria” e que foi fixado um prazo de cinco dias para que a empresa preste os devidos esclarecimentos.