Cascavel – A separação do lixo doméstico entre o orgânico e o reciclável, aos poucos, está se tornando um hábito cotidiano da população, fruto das recorrentes campanhas de educação e conscientização ambiental. Com isso, o destino correto do lixo aumenta a vida útil dos aterros sanitários e, além disso, a reciclagem protege o meio ambiente e gera emprego e renda para uma parcela considerável da população. Em Cascavel, o serviço de coleta, triagem e destinação desse material, atualmente, é feito por cinco cooperativas que executam os serviços nos chamados “ecopontos” e o Programa Sustentar quer incrementar todo este processo.
Ocorre que a regulamentação do novo Programa Sustentar – lei aprovada em dezembro do ano passado – que era para ter ocorrido ainda no primeiro trimestre deste ano ainda não saiu e, a abertura de um chamamento público para credenciar interessados em atuar nesse novo modelo, acabou não tendo a quantidade suficiente de interessados. Por isso, o prazo que encerraria ontem (25) acabou sendo ampliado por mais 30 dias. Até o fim do prazo inicial, apenas duas cooperativas tinham confirmado suas inscrições, sendo que seis ecopontos estão disponíveis para serem operados.
De acordo com o secretário de Meio Ambiente de Cascavel, Nei Haveroth, a regulamentação está quase pronta, faltando apenas definir o pagamento de triagem do lixo as cooperativas e a modalidade do repasse, que é a principal queixa das cooperativas. “Tivemos uma mudança no cenário econômico e isso fez com que tivéssemos que reestruturar as regras do programa que já era para ter sido regulamentado”, disse, admitindo ainda que o desinteresse pode ser uma forma de “tentar agilizar o processo”.
Haveroth explicou que, atualmente, cinco ecopontos estão em funcionando, cada um com uma cooperativa e com um período de concessão. A ideia é que, com os vencimentos dos prazos, as novas concessões já estejam dentro do novo sistema que, além de manter o que é subsidiado hoje como o barracão, equipamentos para a reciclagem, equipamento de proteção individual e os caminhões, passe também a ser pago o trabalho de triagem dos recicláveis, o que para as cooperativas traz uma diferença significativa nos ganhos.
Sem trabalhadores
Haveroth disse que algumas cooperativas estão com problemas internos de administração e de quantidade de cooperados e, com isso, não estão conseguindo manter o que foi acordado com o Município, por isso, o objetivo de o tornar a execução do serviço mais integral, aumentando a coleta e também a triagem. “Temos a reciclagem em 100% da cidade, mas tem cooperativas abarrotadas de material sem fazer a destinação por falta de cooperados, por isso, precisamos reorganizar essa distribuição”, relatou.
Questionado sobre a possibilidade de não haver interessados para assumir os ecopontos, já que além dos cinco atuais, há ainda o Ecoponto da Manaus para colocar em funcionamento, o secretário disse que caso isso ocorra eles terão que novamente rever o chamamento. Contudo, Nei Haveroth acredita que agora com a ampliação do prazo em mais 30 dias, as cooperativas e associações devam se organizar para participar. Neste chamamento as cooperativas poderão administrar mais de um ecoponto, já que atualmente é permitido apenas de um espaço.
Os atuais contratos foram firmados com a inauguração dos ecopontos de 2020, sendo que, antes disso todo o trabalho era realizado em espaços particulares. Segundo o secretário, atualmente é a própria Prefeitura que executa a coleta nos distritos para reduzir os custos das cooperativas. “Estamos fazendo o que é possível e trabalhamos para que o programa dê certo”, reforçou.
“Moeda Planeta”
A regulamentação da lei trará ainda outras mudanças como a obrigação da separação do lixo nos locais públicos e dentro dos condomínios, cerca de 800 espalhados pela a cidade. Outra expectativa é que com a regulamentação seja criada a “Moeda Planeta”, como uma forma de compensar aqueles que fizerem a separação correta do lixo e levarem até um dos pontos de coleta, aonde irão receber créditos por meio de um cartão digital. Acumulando pontos, poderão fazer a troca tanto por descontos de impostos municipais, objetos e até por vale gás ou mercado.
Grande potencial
Outro ponto de preocupação é que o Programa Sustentar, inicialmente, foi desenvolvido em parceria com o Parque Tecnológico da Itaipu Binacional, porém, a nova diretoria acabou “desacelerando” este tipo de incentivo para destinar esforços (recursos) em outras áreas. “Estamos estudando e sabemos que o não credenciamento é uma forma de medir forças conosco, mas vamos organizar tudo da melhor maneira possível”, frisou.
Atualmente, cerca de 330 toneladas de lixo são coletadas todos os dias e, deste total, apenas 6% é reciclado, ou seja, existe um potencial enorme de aumentar a reciclagem. O Programa Sustentar cria ferramentas com a intenção de institucionalizar o processo da coleta seletiva, criando ferramentas para melhorar o fluxo do sistema, remunerando melhor os trabalhadores.
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