Cotidiano

Produção nos Estados Unidos reduz o preço da soja no Brasil

Estimativa para safra 2015/16 passando para 106,58 milhões de toneladas de soja

Cascavel – O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) divulgou ontem o novo boletim mensal de oferta e demanda de grãos. Os resultados contrariam todas as expectativas de mercado, aumentando a estimativa para a safra 2015/2016 de soja do país, passando de 105,73 milhões de toneladas para 106,58 milhões.

“Esse relatório foi no mínimo surpreendente. O mercado ficou embasbacado com o que foi apresentado. No mês passado, a expectativa para agosto era de que o país registrasse queda na produção, principalmente depois do grande volume de chuvas que atingiu as lavouras dos Estados Unidos, ocasionando a redução da área cultivada. Houve pontos até que sofreram com a estiagem. Mas, o que ocorreu foi totalmente ao contrário e a produção continuou em alta”, relata o economista Camilo Motter.

A produção de soja norte-americana apresentou quase um milhão de toneladas a mais do que o relatório de julho. As projeções de cinco milhões de toneladas a menos ou as 101 milhões de toneladas esperadas para agosto, sequer chegaram perto do resultado obtido.

O montante produzido nas lavouras norte-americanas reflete basicamente nos estoques de grãos, estimados em 12,8 milhões de toneladas até 31 de agosto de 2016. No relatório anterior, a média era de 8,3 milhões de toneladas, um acréscimo de 4,5 milhões. Esse foi o primeiro levantamento da temporada com base em apuração em campo, o que pode ter ocasionado uma disparidade tão grande em relação aos dados anteriores.

Para a agricultura brasileira, o impacto no preço da saca da soja foi imediato. Segundo Camilo Motter, a formação de preço foi muito negativa, visto a alta na produção.

“A Bolsa de Valores de Chicago despencou na hora, entre US$ 0,50 a US$ 0,55. No Brasil, o impacto negativo ocorreu no preço da saca, que baixou entre R$ 3 a R$ 4”, explica. Em termos comerciais, o mercado acaba sendo desestimulado em virtude dos bons resultados do agronegócio nos EUA.

Motter ressalta que, depois da baixa nos valores de mercado, é necessário acompanhar o clima no meio-oeste americano.

“Uma etapa extremamente determinante ocorre até 15 de setembro, quando há a formação de grãos e vagens nas lavouras dos Estados Unidos, período em que efetivamente se determina a produtividade. O próximo relatório do USDA será essencial para a atividade agrícola”, comenta Motter.

Produtividade também foi alta

O plantio de soja nos Estados Unidos, segundo Camilo Motter, já é um recorde histórico. A produtividade, que em julho era de 51,6 sacas por hectare, chegou a 52,6 sacas. A expectativa para a exportação da safra americana 2015/16 é de corte.

Conforme levantamento do USDA, os Estados Unidos passarão de 49,7 milhões de toneladas exportadas para 46,95 milhões em 2016. Por sua vez, as exportações no Brasil serão fortalecidas.

(Com informações de Marina Kessler)