Cotidiano

Polícia Penal qualifica 23 apenados em cursos de soldador e de corte e costura em Cascavel

Polícia Penal qualifica 23 apenados em cursos de soldador e de corte e costura em Cascavel

A Polícia Penal do Paraná (PPPR) promoveu a qualificação de 23 pessoas privadas de liberdade (PPL) na cidade de Cascavel, no Oeste do estado. Dez delas foram capacitadas em um curso de soldagem por eletrodo revestido e treze em curso de corte e costura. Ambos os cursos foram realizados na Penitenciária Industrial Marcelo Pinheiro – Unidade de Progressão (PIMP-UP) e financiados pelo Conselho da Comunidade de Cascavel em colaboração com a Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), através do programa ‘Educar Para o Futuro’, com apoio da PPPR. A finalização dos dois cursos foi realizada nesta sexta-feira (1º).

Além de uma nova profissão, essas pessoas privadas de liberdade (PPL) que concluíram os cursos reduzirão a pena pelo tempo de estudo. A cada 12 horas de atividades educacionais, um dia é descontado do tempo total da pena.

O presidente do Conselho da Comunidade de Cascavel, Rosaldo Chemim, enfatiza que um dos objetivos da instituição é qualificar os apenados, proporcionando uma transformação em suas vidas e de suas famílias. “Estes cursos abrem muitas oportunidades no mercado de trabalho. Além disso, oferece uma remuneração atrativa, permitindo ao aluno qualificado ter uma fonte de subsistência e sustentar a família após o cumprimento da pena”, afirma. Ele explica que o Conselho também objetiva contribuir para que o apenado esteja preparado ao regressar para a vida em sociedade. “Isso engrandece e emociona ao vermos os resultados que foram produzidos com essa qualificação. É uma realização em benefício da comunidade”, destaca.

O diretor da PIMP-UP, Álvaro Marcelo Alegrette, reforça que a qualificação representa uma chance de recomeço com dignidade. “Existe uma grande demanda por mão de obra qualificada em Cascavel e região, visto que muitas empresas dependem desses profissionais. Dentro da unidade, essa qualificação também é importante, pois há demanda por habilidades que eles praticam na manutenção”, assegurou.

Soldagem por eletrodo revestido – Este curso foi dividido em seis encontros, totalizando 24 horas de atividades teóricas e práticas. Além das informações sobre o uso dos equipamentos, tipos de soldas, mercado de trabalho e ferramental necessário, as PPLs também receberam instruções sobre os equipamentos de proteção individual (EPIs).

“A Penitenciária Estadual Thiago Borges de Carvalho foi uma das primeiras a aplicar o curso de soldagem, resultando em mão de obra qualificada não apenas para as atividades de manutenção interna, mas também possibilitou profissionais mais qualificados para trabalhar nos canteiros conveniados da unidade. São conhecimentos que se transformam em oportunidades”, enfatizou o coordenador regional da PPPR em Cascavel, Thiago Correia.

O professor do curso, Ademiro Alves da Rocha, ressalta que a profissão de soldador, tanto regionalmente quanto nacional e internacionalmente, está entre as áreas de maior crescimento, gerando diversas oportunidades. “As faixas salariais para profissionais da área de soldagem são diferenciadas em relação a outras áreas. A demanda é alta e várias empresas da nossa região frequentemente solicitam indicações de profissionais da área de soldagem, o que nem sempre conseguimos atender”, destacou.

“Esta é uma nova oportunidade para nós, pois muitos de nós não tínhamos uma profissão quando fomos presos. Apesar de estarmos privados de liberdade, adquirimos conhecimento e saímos qualificados para quando recuperarmos a liberdade”, concluiu uma das PPLs que participou do curso.

Corte e costura – Entre os temas abordados no curso estavam as espessuras de fios, pequenas manutenções das máquinas, combinação de cores, características de tecidos e cortes, riscos e moldes pré-definidos, entre outros, todos voltados para a costura. O curso foi dividido em seis encontros e totalizou 24 horas, aliando teoria e prática. O certificado foi emitido pelo Projeto Educar para o Futuro, atividade de extensão da Unioeste. Parte dos materiais usados no curso foi arrecadada pela Unimed Sustentabilidade.

“Está faltando muita mão de obra no setor da costura, então é espetacular se eles saírem daqui com esta profissão. Eles terão trabalho garantido na sociedade. É muito gratificante poder contribuir para que eles se tornem pessoas melhores”, afirma a professora que ministrou as aulas, Márcia Boing Kaiser.

Entre os produtos confeccionados estão lixeiras para carros com reutilização de banners, travesseiros e fronhas infantis, trocadores de fralda, babitas e pelúcias. Parte dos itens será destinada ao Hospital Universitário do Oeste do Paraná (HUOP).

A PIMP-UP já possui um canteiro de trabalho de corte e costura e esta qualificação vai ajudar no aprimoramento dos produtos confeccionados, como o próprio uniforme dos apenados. “Hoje, a Polícia Penal fornece os insumos e a própria pessoa privada de liberdade participa da confecção destes materiais. Uma produção com zelo, considerando que elas mesmas são quem usam este uniforme. Ou seja, a atividade de corte e costura é bastante ampla e importante, pois atende a várias demandas”, afirmou o diretor da unidade, Álvaro Marcelo Alegrette.

“É maravilhoso participar de tudo isso aqui, para mim e para meus colegas. É uma nova experiência de vida. Na rua, eu era mecânico, mas agora tenho mais uma profissão para quando eu terminar de cumprir minha pena”, concluiu um dos apenados que participou do curso.

Fonte: Polícia Penal