Dez pessoas privadas de liberdade (PPLs) concluíram nesta semana o curso de qualificação profissional de soldador por eletrodo revestido, na Penitenciária Estadual Thiago Borges de Carvalho (PETBC), em Cascavel, no Oeste do Paraná.
A ideia foi financiada pelo Conselho da Comunidade de Cascavel e faz parte do cronograma de ações do Projeto Educar Para o Futuro da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste),que tem como conveniada a Polícia Penal do Paraná (PPPR).
Entre os objetivos do curso, estão o aprendizado na aplicação da solda com eletrodo revestido, a operação das ferramentas e equipamentos necessários para os trabalhos e a formação empreendedora de pessoas privadas de liberdade (PPLs).
O curso contempla 8h de formação teórica e 16h de atividades práticas, e foi dividido em seis encontros realizados dentro da penitenciária. O uso de equipamentos de segurança individual (EPIs) também foi um dos temas abordados.
O diretor-geral da PPPR, Osvaldo Messias Machado, ressalta que o sistema prisional vem investindo cada vez mais no desenvolvimento de projetos de qualificação de PPLs, porque ações como essas trazem ganhos para o desenvolvimento do sistema, para a economia do Estado e para a sociedade.
“Tudo que hoje tem sido feito em questões de reestruturações nas unidades prisionais do Paraná são realizadas pela mão de obra de pessoas privadas de liberdade. Então, é importante destacarmos que além dos detentos utilizarem esses conhecimentos de qualificação dentro da própria unidade auxiliando em reformas de estrutura, isso também é uma oportunidade deles adquirirem empregabilidade mais facilmente ao término da pena, já que possui habilidades em determinadas áreas, para viver do seu próprio trabalho digno ao invés de voltar à vida criminosa”, destaca.
O coordenador regional da Polícia Penal em Cascavel, Thiago Correia, explica que a oferta de qualificação profissional às pessoas em privação de liberdade também é uma das atribuições e responsabilidades da PPPR.
“O tratamento penal é sem dúvida uma das mais importantes missões da PPPR, atrelado, claro, à segurança da sociedade como um todo. Trata-se da materialização de ensinar às pessoas privadas de liberdade um ofício para que usem dessa ferramenta quando estiverem fora do sistema penitenciário, gerando um novo caminho e oportunidade para que essas pessoas não voltem a cometer crimes”, disse.
Para o presidente do Conselho da Comunidade de Cascavel, Rosaldo Chemim, investir em qualificação aos apenados é um dever do Conselho, que além de contribuir com a segurança da sociedade possibilita oportunidade de uma nova vida após o cumprimento de pena.
“O curso de soldador é um curso de excelência pois existe um mercado de trabalho crescente, vagas de trabalho e remuneração que pode fornecer ao egresso uma profissão digna, com remuneração justa e possibilitando um padrão de vida essencial para cuidar da família”, afirmou.
O vice-diretor da PETBC, Vitor Colombelli, conta que o projeto contribui com a disciplina das PPLs dentro da unidade prisional, uma vez que o comportamento é um dos critérios de seleção para os alunos participantes da qualificação.
“Para participar de um curso igual a este a PPL precisa ter como requisito objetivo o tempo de cumprimento de pena, já a questão subjetiva é o bom comportamento carcerário. Ela tem um estímulo de manter a disciplina dentro da unidade para ter a oportunidade de levar esse conhecimento para fora, ao final do cumprimento da pena”, contou.
MERCADO DE TRABALHO – O profissional habilitado a operar com a solda por eletrodo revestido é bastante requisitado pelo mercado de trabalho. O professor responsável pela qualificação, Ademiro Alves da Rocha, conta que após a conclusão do curso, o profissional está apto a prestar serviços de reparos, manutenção, montagens de estruturas metálicas e diversos outros serviços a campo.
“Os materiais e as máquinas que usamos para este curso estão mais acessíveis ao mercado, então eles [profissionais recém-formados] podem ter a oportunidade de ser inseridos em empresas específicas do ramo ou também formar seu próprio empreendimento. É uma mão de obra necessária e um segmento que vem crescendo muito na região”, contou.
As PPLs que concluíram o curso, além de uma nova profissão, vão receber o certificado com as horas de qualificação que poderá ser usado como remição de pena. A cada 12 horas de estudo, um dia é reduzido do tempo de condenação.
“Aprender, ficar melhor, ter uma profissão para recomeçar a vida. Vai me ajudar muito principalmente para arrumar um trabalho mais rápido”, finalizou um dos apenados recém-formado.
Fonte: Polícia Penal PR