Quedas do Iguaçu – Peritos e policiais estiveram na quarta-feira (11) em Quedas do Iguaçu para recolher pistas e ouvir testemunhos de atentado contra a casa do jornalista João Muniz, onde também funciona a sucursal do jornal Correio do Povo do Paraná, de Laranjeiras do Sul.
A polícia ainda colhe informações para chegar aos autores de disparos – seriam de 10 a 12 – de arma de fogo contra a casa em que João, a esposa e um filho estavam. O atentado ocorreu por volta de 1h20 da madrugada de ontem. Ninguém se feriu.
Jornalista formado pelo campus da Unipar em Cascavel, João disse aos policiais que é vítima de ameaças por parte de membros do MST (Movimento Sem-Terra) há mais de três meses.
E a intensidade tem aumentado de algumas semanas para cá.
O diário que o jornalista representa é um dos inúmeros veículos de comunicação de todo o Paraná que cobrem os desdobramentos de invasões de áreas da Araupel por membros do movimento.
Embora queira esperar o parecer final da Polícia, o jornalista diz ter fortes evidências de que foi vítima de atentado praticado por pessoas com ligações com os conflitos agrários que há anos ocorrem na região.
Setores organizados de Quedas do Iguaçu e da região, bem como jornalistas e entidades que os representam, manifestaram ontem sua indignação com a atitude covarde e que poderia ter desfecho trágico.
Marcas
Segundo o que equipes das polícias Civil e Militar apuraram até agora, os tiros foram disparados por ocupantes de um veículo que parou na frente da casa de João. As marcas de bala estão na parede, na porta e estilhaçaram janelas. Com a família abalada, o jornalista decidiu deixar o local logo depois da chegada dos policiais.
O susto foi grande, mas todos estamos bem. Com participação ativa em sua comunidade, João Muniz atua também em comissão que defende os empregos de trabalhadores de Quedas do Iguaçu, ameaçados pelas invasões.
AJC e OAB emitem notas de repúdio
A Associação dos Jornalistas de Cascavel e a Subseção da OAB emitiram notas repudiando o atentado. A AJC diz: … lamentamos ação de radicais, aparentemente ligados ao MST, no caso do atentado contra o jornalista João Muniz, de Quedas do Iguaçu, cuja residência foi crivada de balas na madrugada de hoje (quarta-feira).
A AJC entende que esse tipo de ação é inadmissível e cobra das autoridades todo o empenho possível na elucidação desse crime contra a liberdade de imprensa. Vale salientar que o referido profissional vinha sofrendo ameaças em razão da cobertura das ações do MST.
A nota da AJC é assinada pelo presidente da entidade, o jornalista Julio César Fernandes. A OAB diz que repudiz qualquer ato que cerceie o livre pensamento e a liberdade de imprensa.