Agronegócio

Censo Agropecuário. Líder na avicultura,Paraná disputa liderançana soja e na suinocultura

Agronegócio do Paraná mantém ritmo de crescimento, confirma IBGE

Curitiba – O Paraná mantém crescimento vertiginoso e diversificado no agronegócio, com margem para ampliar ainda mais o faturamento e a geração de emprego a partir da industrialização, segundo dados do Censo Agropecuário divulgado nessa sexta-feira pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) para todo o País no Palácio Iguaçu, em Curitiba.

O recorte do IBGE mostra o Estado entre os cinco maiores produtores do Brasil, na disputa pela liderança em segmentos importantes como soja, milho e suinocultura, e em primeiro lugar na avicultura. “A nossa agricultura tem produzido em escala e com qualidade mesmo em espaço reduzido”, afirmou o governador Carlos Massa Ratinho Junior. “Somos o maior produtor de proteína animal do País, um dos maiores de grãos, e não só em volume, mas também em diversidade. Nossa vocação é produzir alimento ao planeta, com uma diferença: nós fazemos uma agricultura verde e sustentável”.

Ratinho Junior destacou que o agronegócio é a principal matriz econômica do Paraná e que o Estado produz de maneira diversificada e estratégica. “Nós ainda concentramos 85% da produção em pequenas propriedades, onde a agricultura familiar é muito forte”, afirmou.

Segundo ele, apesar de os dados mostrarem que esse segmento registrou perdas nos últimos dez anos, o Paraná quer estimular a manutenção do jovem no campo e para isso há uma série de iniciativas nas áreas de tecnologia, infraestrutura e comunicações. “O desafio é manter a atratividade dos negócios para as novas gerações”, ressaltou.

Parte desse movimento é o incentivo de industrialização do agronegócio. Para o governador, os investimentos nessa área farão do Paraná e do Brasil atores ainda mais relevantes no jogo geopolítico. “O próximo ciclo é o da industrialização. Os agricultores têm deixado a enxada pela tecnologia, pelos smartphones e drones. Nós temos incentivado o cooperativismo e realizamos investimentos na rede trifásica de energia para manter uma agricultura forte e diversificada, capaz de gerar ainda mais renda”.

O governador alertou para a relevância de se disponibilizar dados para a tomada de decisões: “Diz um ditado que quando você não sabe onde quer chegar, qualquer caminho serve. O Brasil não pode pegar qualquer caminho. Os dados do IBGE são importantíssimos para saber para onde devemos ir e errar o menos possível na tomada de decisões”.

Norberto Ortigara, secretário estadual de Agricultura e do Abastecimento, complementou que o agronegócio paranaense cresceu nas últimas décadas mesmo diante de oscilações na economia. “Continuamos fortes e diversificamos a produção para horticultura e fruticultura. Nos tornamos líderes na produção de proteínas. O campo continua se desenvolvendo, em que pese altos e baixos da economia e das crises mundiais. A leitura que fazemos dos dados de 2017 é bastante satisfatória, e eles nos ajudarão a formular novas políticas públicas”, destacou. O Censo tem como recorte a data de setembro de 2017.

O secretário também citou a industrialização: “O meio rural não discute mais o preservar e produzir. Temos consciência de que é preciso fazer bem feito. Estamos usando tecnologias e nos organizamos no meio rural. É um setor dinâmico, maior do que a indústria. Agora vamos iniciar um processo de industrialização mais acelerado”.

Segundo José Roberto Ricken, presidente do Sistema Ocepar, a produção paranaense aumentou 53% em duas décadas, com 28% da área nova destinada a solucionar a questão ambiental. “Esse aumento aconteceu em função de tecnologia e dos esforços coletivos do Estado, dos agricultores e das cooperativas. Talvez ainda não consigamos dimensionar os números, mas temos que nos orgulhar do que já fizemos”.

 

Oeste é destaque na agricultura e na pecuária

O Censo Agropecuário confirma a vocação do oeste do Paraná como celeiro nacional. A região é destaque em vários segmentos da agricultura e da pecuária, e lidera vários deles.

Para se ter uma ideia, a região concentra sete dos dez municípios com os maiores plantéis de galináceos. Destaque para Toledo, líder estadual, com 9,713 milhões de aves; Cascavel aparece em quarto no Estado, com 7,329 milhões; e Palotina é o sexto no Estado, com 6,725 milhões. As outras quatro posições também são do oeste, com média de 5,2 milhões a 5,7 milhões de galináceos: Assis Chateaubriand, Santa Helena, Cafelândia e Nova Aurora (nessa ordem). Toledo é a vice-líder nacional, atrás apenas da paulista Bastos, que tem 15,8 milhões de galináceos.

O Paraná lidera com 333,29 milhões de galináceos, quase o dobro de São Paulo (177,57 milhões) e Santa Catarina (160,256 milhões).

Na suinocultura, os dados são ainda mais impressionantes. Embora o Paraná tenha o terceiro maior plantel do País, Toledo é o município com a maior quantidade de animais: 954.581 cabeças. A região tem ainda o terceiro maior nacional, com Marechal Cândido Rondon, que tem 450.779 suínos. No Estado, estão no oeste oito dos dez maiores plantéis.

Embora seja um grande produtor nacional de grãos, o Paraná é o terceiro em áreas para lavouras temporárias (soja, milho, trigo etc). Mato Grosso lidera, com 15 milhões de hectares, seguido do Rio Grande do Sul, com 8,993 milhões de hectares, e o Paraná, com 8,914 milhões de hectares. No Estado, Cascavel tem a maior área destinada para esse tipo de cultivo: 165.596 hectares, e Toledo é o terceiro, com 134.218 hectares.

 

Censo mostra aumento da mecanização

O Censo Agropecuário 2017 mostrou queda no número de trabalhadores e aumento de tratores nos estabelecimentos agropecuários (49,9%), ou 409.189 unidades a mais em relação ao Censo Agropecuário de 2006. O número de estabelecimentos que utilizavam este tipo de máquina em 30 de setembro de 2017, data referência do estudo, aumentou em mais de 200 mil, alcançando um total de 734.280 produtores.

O Censo 2017 contou 5.073.324 estabelecimentos agropecuários no Brasil, com redução de 2% em relação a 2006, mas a área dos estabelecimentos cresceu 5,8% no período e chegou a 351.289.816 hectares. Com exceção do Nordeste, houve aumento de área em todas as regiões. No Sul, esse aumento ocorreu mesmo com a queda no número de estabelecimentos.

O número de produtores que declararam ter acesso à internet cresceu 1.900%, passando de 75 mil, em 2006, para 1.430.156 em 2017. A área total irrigada cresceu 47,6%, passando de 4,5 milhões para 6,69 milhões de hectares, no período. O analfabetismo entre os produtores rurais também recuou.

De acordo com o IBGE, 81,3% dos produtores são do sexo masculino e 18,7% do sexo feminino, o que representa um aumento na participação das mulheres. Quanto à idade, houve redução na participação dos grupos de menores de 25 anos, de 25 a menos de 35 e de 35 a menos de 45, enquanto a dos grupos mais velhos aumentou.

A cor ou raça do produtor que dirige o estabelecimento foi pesquisada pela primeira vez em um Censo Agropecuário. A distribuição é de 45,4% brancos; 8,4% pretos; 0,6% amarelo; 44,5% pardos; e 1,1% indígena.

Os dados completos podem ser acessados em https://ibge.gov.br/.

Grande potência

A presidente do IBGE, Susana Cordeiro Guerra, disse que o primeiro Censo foi feito antes mesmo da criação do instituto, em 1920, e mostrava um País com 650 mil estabelecimentos agropecuários e área plantada de 175 milhões de hectares. Os dados de 2017 mostram outro patamar. “Os dados de 2017 apontam uma síntese do País neste século. O cenário mudou não só em termos de expansão, mas diversificação. Os estabelecimentos agropecuários foram multiplicados por sete, chegando a mais de 5 milhões, e a área foi duplicada, superando os 350 milhões de hectares”, afirmou. “Esse setor se transformou numa grande potência para a economia brasileira”.

Wilson Vaz de Araújo, secretário-adjunto da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, destacou que o Censo retrata os impactos do Código Florestal e seus rigores, além de programas estaduais e federais para armazenagem, redução de gases do efeito estufa e incentivos tecnológicos. “Nós temos várias realidades no País e problemas pontuais. Vamos nos debruçar nos dados do Censo para ver em quais áreas podemos melhorar”, afirmou. “A expectativa é de manutenção desse crescimento e de que próximo Censo já retrate a revolução tecnológica no campo”.