Medianeira – Não é de hoje que vários setores estão insatisfeitos com os rumos que a política brasileira anda tomando. O sucateamento de áreas essenciais como a saúde, educação e transporte, aliado aos escândalos de corrupção do governo, vêm causando revolta entre as classes trabalhadoras.
É o que o protesto dos caminhoneiros, que começou na segunda-feira (9) em 14 estados, incluindo o Paraná, tenta mostrar. O principal motivo para os bloqueios foi o descumprimento da pauta entregue ainda em março pela categoria, período em que os motoristas organizaram a primeira greve. Praticamente nada do que foi decidido entre a União e os líderes que representavam a categoria na época efetivamente foi honrado.
Segundo o motorista Carlos Chagas, que coordenou um dos pontos de bloqueios na região Oeste, os caminhoneiros repetem a pauta e lutam ainda pela redução do preço do óleo diesel, criação do frete mínimo, rodovias em melhores condições de tráfego e a valorização do profissional.
É uma vergonha a gente ainda ouvir que o Brasil não depende dos caminhoneiros, profissionais que hoje são responsáveis pela maioria dos fretes. Paramos para mostrar a nossa importância e cobrar melhorias, pois estamos pagando uma conta que não é nossa, relata.
A conta que o caminhoneiro se refere são os valores abusivos cobrados nas praças de pedágio do Paraná e do preço do óleo diesel, que hoje é vendido em média a R$ 2,93 na região, podendo ser encontrado até por R$ 3,05 o litro. Além disso, Carlos Chagas destaca mais uma incoerência do governo federal. Conforme ele, um dos acordos feitos ainda no início do ano era de que nenhum caminhão pagaria a tarifa de pedágio caso mantivesse os eixos erguidos.
No entanto, o Anel de Integração do Paraná é o único que mantém essa cobrança em todo o País, explica.
Custeando mais esse ônus, o motorista gasta, somente no trecho entre Cascavel e Paranaguá, cerca de R$ 500 por viagem.
Bloqueios
Na região Oeste, os primeiros bloqueios ocorreram logo pela manhã na BR-277, próximo a Medianeira, no KM 667. Os manifestantes interditaram a rodovia nos dois sentidos, conforme a PRF (Polícia Rodoviária Federal). Aproximadamente 200 pessoas estavam envolvidas, com apoio de empresários locais.
Os bloqueios eram mantidos por duas horas ininterruptas, intercalados por breves liberações. Às interdições foram reiniciadas à tarde.
Em Cascavel, a tentativa de protesto na rodovia foi barrada pela PRF, que orientou os motoristas a organizarem a manifestação no pátio de um posto de combustível que fica às margens da BR-277, no Trevo Cataratas.
Cerca de 50 pessoas participaram do primeiro dia de greve, e ergueram faixas e cartazes contra os desmandos do governo da presidente Dilma Rousseff (PT). Neste local, nenhum veículo foi impedido de trafegar.
Já na BR-163, em Capitão Leônidas Marques, as manifestações seguiram até o início da tarde, com bloqueio parcial da rodovia. A categoria não informou quando os bloqueios serão encerrados definitivamente, e garante que hoje novas interdições devem ocorrer.
(Com informações de Marina Kessler)