Cotidiano

Audiência em Brasília debate invasão da Araupel

O MST também foi convidado para a audiência, mas não enviou ninguém

Quedas do Iguaçu – Líderes de Quedas do Iguaçu e representantes de entidades organizadas participaram ontem, em Brasília, de audiência para debater soluções a duas invasões promovidas pelo Movimento Sem-Terra no Paraná – a outra é de uma usina de álcool em Porecatu, na região Norte do Estado.

O encontro, agendado pelo deputado federal Alfredo Kaefer (PSDB), contou com a participação também de representantes do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), da Secretaria de Segurança Pública do Paraná e parlamentares. O MST também foi convidado para a audiência, mas não enviou ninguém.

A comitiva de Quedas, com a presença também do prefeito Edson Prado, o Jacaré, e do sócio-proprietário da Araupel, Tarso Giacomet, fez um relato detalhado da situação atualmente enfrentada pelo município. Com duas invasões a áreas da empresa, que atua na cadeia de reflorestamento, em intervalo de apenas um ano tem ficado cada vez mais difícil fazer a extração de matéria-prima para abastecer as unidades industriais do grupo.

O desemprego, já que toda a atividade econômica do município e vizinhanças foi afetada, passou a se materializar nas últimas semanas. Centenas de trabalhadores já perderam os seus postos de trabalho e Quedas bate recorde, nos últimos meses, de pedidos de seguro na Agência do Trabalhador.

O prefeito Jacaré se mostra preocupado com o cenário, principalmente devido aos reflexos que a redução econômica acarretam ao município. E o cenário é agravado com a crise nacional e diante da atitude da União de reduzir repasses e de jogar ainda mais responsabilidades nas costas das administrações públicas municipais.

Segundo os líderes, o MST tem se mostrado severamente intransigente na intenção de tornar toda a área da Araupel, que ainda gera cerca de mil empregos, em assentamento. Desde a primeira ocupação a terras da empresa, na metade da década de 1990, até agora, mais de 50 mil dos 80 mil hectares da empresa já foram destinados à reforma agrária.

“Eles que não plantem, porque essas terras vão para novos assentamentos”, disse na terça-feira, em Nova Laranjeiras, um dos líderes do MST que comandaram interdições nas BRs-158 e 277 que se arrastaram por 50 horas.

A intenção com a audiência em Brasília era de mostrar à diretoria do Incra a disposição para o diálogo, da função social e empresarial da Araupel e das consequências que as invasões causam a toda a região.

Apesar das tratativas, não houve avanços. Entidades produtivas do Paraná defendem que o governo estadual cumpra os 70 mandados de reintegração de posse já determinados pela Justiça. As duas últimas invasões à Araupel, em julho de 2014 e em julho de 2015, já têm reintegrações  de posse asseguradas à empresa.