Cotidiano

Ato contra pedágio lança ideia de avenida de Toledo a Cascavel

Além da praça entre Cascavel e Toledo, o protesto também reforçou a posição contrária das entidades ao modelo de concessão proposto pelo governo federal

Ato contra pedágio lança ideia de avenida de Toledo a Cascavel

Cascavel – Líderes de Toledo, Cascavel e de toda a região participaram em Sede Alvorada, na manhã de ontem, de ato público contra a implantação de pedágio no trecho. O presidente da Câmara de Toledo, Leoclides Bisognin, participou ao lado de vários vereadores e defendeu que, como o trecho é uma avenida que liga as duas cidades, os dois municípios devem oficializar isso e afastar o risco de pedágio. “Precisamos apresentar projetos na Câmara de Toledo e na Câmara de Cascavel criando a Avenida da Integração Toledo-Cascavel e aí não terá pedágio”.

Bisognin lembrou que o PIB da agropecuária do oeste, proporcionalmente, deve ser o maior do planeta, pela diversificação e pela produção, mas sustenta um pedágio que é um roubo. “Duvido que tenha um lugar na Terra que produza tanta riqueza e seja tão penalizado quanto o oeste do Paraná”, afirmou o presidente da Câmara de Toledo.

O presidente da Câmara de Cascavel, Alécio Espínola, destacou o protesto pacífico e ordeiro e que traz uma profunda reflexão, pois mostra o quanto é importante a relação entre Cascavel e Toledo. “Somos dependentes um do outro”, resumiu.

Espínola destacou que tem em Cascavel colegas gerentes de empresas que têm sua vida em Toledo, destacando que o prefeito Leonaldo Paranhos e o governador Ratinho Júnior já falaram com o presidente Jair Bolsonaro contra a praça de pedágio entre Toledo e Cascavel.

O presidente do Sindicato Rural de Cascavel, Paulo Orso, elogiou a ideia da avenida entre Cascavel e Toledo e disse que são dois grandes municípios que podem não sê-lo no tamanho, mas na importância. Ele lembrou que há quase 30 anos era um jovem com brilho nos olhos e que se encheu de esperança com o projeto do chamado Anel de Integração, dirigindo-se aos jovens presidentes de entidades presentes para dizer que não quer vê-los sem esse brilho daqui a 30 anos pelo pedágio. “Estamos isolados há mais de 25 anos”, pois um caminhoneiro autônomo perde um caminhão no pedágio a cada cinco anos.

Além da praça entre Cascavel e Toledo, o protesto também reforçou a posição contrária das entidades ao modelo de concessão proposto pelo governo federal, de limitar o desconto das tarifas (de 15% a 17%) + outorga. As entidades defendem que a concorrência ocorra apenas por menores tarifas.

Nem tráfico de drogas é tão lucrativo quanto o pedágio

O presidente do Codep (Conselho de Desenvolvimento Econômico) de Cornélio Procópio, Luiz Eduardo Araújo, reiterou sobre os riscos econômicos ao Paraná caso a proposta do governo federal para as novas concessões seja mantida. Araújo entregou aos deputados estaduais um estudo com 12 propostas e sugestões do Codep, que busca, em conjunto com 24 instituições, apresentar soluções que garantam o desenvolvimento para o futuro do Norte Pioneiro e do Paraná.

Segundo ele, o modelo de negócios anexo à proposta da ANTT (Agência Nacional de Transporte Terrestre) prevê margem de lucro de 77% às concessionárias de rodovia do Estado, com retorno de apenas 23% do que valor arrecadado nas 42 praças de pedágio previstos para investimento nas rodovias. “Nem tráfico de drogas é tão lucrativo quanto o pedágio. É necessário rever alguns pontos da proposta apresentada à ANTT e exigir que seja reintegrada ao projeto a opção do modelo de pagamento por quilômetro rodado, o que vai baratear o custo da tarifa para o usuário”, defende.

No documento, o Codep defende que seja feita a revisão da proposta apresentada pela EPL (Empresa de Planejamento de Logística), com aperfeiçoamentos nos cálculos e no modelo de licitação para as concessões. “Reivindicamos também um conjunto de critérios e equipamentos que deverão estar na lista de obras e serviços prioritários, compondo regras de competição e funcionamento das concessões”, aponta o documento.

Pela proposta apresentada pela EPL e aprovada pela ANTT, o Paraná terá 3.327 quilômetros de rodovia pedagiada e 42 praças de pedágio, 15 a mais do que atualmente. O contrato será por 30 anos.