Cascavel – Nem precisa andar muito para perceber que há algo de errado em muitas lavouras da região de Cascavel. O que se vê no campo de fato é soja brotando, quando ela só poderia ser plantada a partir do dia 15 deste mês com o fim do vazio sanitário, medida sanitária que objetiva erradicar ou minimizar ações de doenças oportunistas, como a ferrugem asiática com poder de destruição de lavouras comerciais inteiras.
Muitos produtores aproveitaram a chuva do fim de semana passado para levar as máquinas ao campo e efetuar o plantio, mas outros foram ainda mais ousados, sobretudo em municípios lindeiros ao Lago de Itaipu, onde o cultivo começou há mais de uma semana.
Em uma reunião realizada na semana passada na cidade de Missal, por exemplo, onde os produtores debateriam justamente sobre a safra de verão 2015/2016, poucos apareceram. O motivo: estavam plantando soja.
Um agricultor da região de Cascavel que concordou em falar com a reportagem sem ser identificado, disse que resolveu cultivar a oleaginosa antes do fim do vazio porque sabe que as punições são brandas.
A gente sabe que no ano passado muitos foram notificados porque tinham soja nas lavouras durante o vazio sanitário, mas até hoje ninguém foi punido. Não houve aplicação de multas. Assim a gente se encoraja e acaba plantando antes mesmo do zoneamento agrícola, reconhece.
O gerente de sanidade vegetal da Adapar (Agência de Defesa Agropecuária do Paraná), Marcilio Martins Araújo, reconhece que a maior parte dos produtores flagrados com plantio irregular nos anos anteriores não foi punida com severidade e relata que o objetivo é conscientizar, não castigar.
Por outro lado, reforça que havendo soja já germinada o produtor está sujeito à fiscalização e às punições.
Deve haver casos onde foi feito o plantio, mas a soja não está aparecendo, não existe a planta ainda, neste caso não há punição, mas onde tem a soja em planta, o agricultor está sujeito ao rigor da lei, destaca.
(Com informações de Juliet Manfrin)