“Os produtores rurais são responsáveis por preservar mais da metade das áreas do país, justamente por termos a legislação ambiental mais rígida do mundo, o Código Florestal. E ainda assim, em 50 anos, aumentamos a produtividade em 500% no campo, sem nem dobrar a área plantada”.
A afirmação é do presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado Pedro Lupion (PP-PR), durante o Summit Agro 2023 do Estadão, em São Paulo, nesta quarta (08). Ele participou da abertura do evento, e destacou que as práticas sustentáveis são prioridade do setor desde o código florestal.
Para evidenciar isso, o parlamentar citou projetos, que tramitam no Congresso Nacional, defendidos pela bancada. Entre eles, o de bioinsumos, combustíveis verdes, biocombustíveis, mercado de carbono, entre outros, que estão sob os cuidados de integrantes da frente, como o ex-presidente Sérgio Souza (MDB-PR) e o vice-presidente Arnaldo Jardim (CIDADANIA-SP).
Lupion também homenageou a Embrapa, na figura do ex-presidente Alysson Paulinelli – falecido neste ano – ao falar sobre a transição ocorrida no século passado, de um país importador de alimentos para um dos maiores exportadores no mundo. “Neste ano, vivemos o cumprimento do sonho ousado de exportar 315 milhões de toneladas de grãos, apesar de nos preocupar a rentabilidade do produtor, ainda mais depois da seca no norte e tempestades no sul do país”.
Carbono
Como forma de oferecer mais alternativas de renda aos produtores rurais, Lupion afirmou que há um trabalho na FPA voltado para estabelecer, no Brasil, o primeiro mercado de carbono do mundo com a participação efetiva dos produtores rurais. “Nem mesmo o Canadá, citado como exemplo nessa linha, conseguiu”.
O presidente da bancada ruralista disser que recebeu críticas por defender que os produtores rurais não estivessem na proposta aprovada no Senado. Para ele, a forma como o texto foi feito não atingia o principal objetivo de uma iniciativa dessa natureza – valorizar efetivamente o produtor rural pelos serviços ambientais.
“Ou seja, beneficiar quem sequestra mais carbono, adota melhores práticas, preserva além da área de reserva legal em sua propriedade. Mas não existem ainda métricas suficientes para dizer o que da produção é crédito e o que é déficit de carbono. Existem análises específicas de lavouras, de florestas plantadas, mas como os fertilizantes ou defensivos usados influenciam, ainda não se sabe”.
Ele acredita que, com o auxílio de órgãos de pesquisa, como a Embrapa, o Brasil pode alcançar esse objetivo nos próximos anos. “Temos as melhores praticas, Cumprimos todas as regras. Vamos trabalhar por um mercado em que o produtor rural possa ser beneficiado em todas as suas praticas.”
Enem
Em seu discurso, ao citar a Embrapa, inclusive, Lupion fez uma crítica à constante “guerra de narrativas” políticas que prejudicam a produção brasileira. E que afetou até mesmo o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), com perguntas que atacavam os produtores rurais brasileiros.
“Questões subjetivas e sem embasamento técnico-científico do Enem atacaram inclusive a Embrapa, sempre mencionada por nós como exemplo quando vamos ao exterior. Mais de quatro milhões de estudantes fazendo a prova e alguns dos questionamentos, até mesmo eu, que conheço o setor, não encontrava alternativa tecnicamente correta. Lamentável”.
A prova tinha três questões com críticas de cunho político-ideológico ao setor agropecuário. Lupion disse que, para combater essa e outras tentativas de “autofagia” em nosso país, é preciso mais trabalho de comunicação do que se passa no campo, seja na política, junto à imprensa e até promovida por entidades e players do setor.
“Precisamos fazer com que a nossa realidade chegue às grandes redações, à população urbana. Muita gente não faz ideia do que é o agro do Brasil, do que se passa no campo. E essa prova do Enem é evidencia disso, finalizou”.
Fonte e foto: FPA